#EspecialDiadasMães – Entrevista: Amanda Vasconcelos (Diretora do Hiperideal)

maio/2018

“… meus filhos são minha inspiração. Eles me tornaram uma mulher mais madura, equilibrada e humana. Depois de me tornar mãe percebi que meu tempo para o trabalho diminuiu, por isso precisei ser mais eficiente. Quando estou trabalhando estou focada no trabalho. “                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                        

 

AmandaCAPA Vasconcelos tem 30 anos, é casada e mãe de dois filhos, Pedro de 2 anos e Isabela de 1 mês. Formada em Administração de empresas pela Faculdade Ruy Barbosa e Fundação Getúlio Vargas (SP), precisou provar sua competência pra alcançar a diretoria da empresa familiar. Iniciou a carreira como trainee da Braskem. Depois de muito aprender na multinacional, à convite do pai, entrou no Hiper Ideal também como trainee, há 7 anos, passando pelas funções de compradora e gerente. Hoje ocupa o cargo de diretora comercial do Grupo.

 

 

 

 

ABMP: Para você, quais são os maiores desafios que as mães podem enfrentar no mercado de trabalho atual? Tem ideia de como driblá-los?

A.V: A mulher já sofre preconceito no mercado de trabalho, com as mães é ainda mais complicado. Por um lado, existem os empregadores com receio de que as mães não estejam 100% focadas e disponíveis para as atividades profissionais. Por outro, mães, às vezes, inseguras, com muitas atividades e um sentimento constante de culpa.

Acredito que, para driblar esse desafio, a mãe precisa decidir se está disposta a encarar uma rotina intensa e dar o melhor no trabalho e em casa. Ano passado uma funcionária voltou de licença muito insegura, chorava, reclamava, e sempre foi uma excelente profissional. Perguntei se ela queria trabalhar ou ficar em casa e disse que se quisesse trabalhar teria que se dedicar aos dois lugares. Fácil? De forma alguma, é muito sacrificante. É difícil voltar da licença maternidade, deixar nossos filhos tão pequenos em casa ou na creche, chegar atrasada para pegá-los na escola ou faltar às apresentações por conta de compromissos profissionais. Toda escolha é uma renúncia, se esperarmos o momento correto para a maternidade, ele pode nunca chegar. É fundamental entender quais são seus sonhos e o que está disposta a sacrificar para que eles aconteçam. Acredito que é necessário estar realizada e feliz no trabalho para dar o nosso melhor.

É assim que eu aconselho as mães a driblar os preconceitos e desafios do mercado de trabalho, mostrando o quanto são capacitadas, dando o melhor de si, encontrando o equilíbrio entre a casa e o trabalho.

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ABMP: Há uma crença de que filhos comprometem a dedicação com o trabalho e por isso muitas mães deixam de ser contratadas. Como é sua experiência em relação a isto? Já viveu conflitos profissionais em razão da maternidade?

A.V: Na nossa empresa nenhuma mulher deixou de ser contratada por ser mãe ou com intenção de ser, essa é uma informação irrelevante para nós. Estamos preparados para isso. Brinco até que não temos ferista e sim “gravidista”, é sempre uma atrás da outra. Lidero uma equipe com maioria absoluta de mulheres, o time comercial é 100% feminino. Muitas são mães, guerreiras que se dedicam intensamente para se destacar profissionalmente, e em diversos casos elas são a principal fonte de renda da casa. Como mãe, eu entendo quando alguma delas precisa sair correndo porque o filho caiu na escola ou chegam atrasadas quando a babá não foi. Temos um combinado, o mais importante é cumprir com as tarefas. E tem que ser no horário de trabalho, não apoiamos as horas extras, o que é importante para as mães que possuem rotina com seus filhos.

Meu maior conflito profissional foi quando meu filho mais velho nasceu. Eu não me preparei na empresa para sair de licença maternidade, então tive que sair do hospital trabalhando em casa e com quinze dias já estava indo para a empresa. As madrugadas eram exaustivas com as mamadas e no outro dia eu tinha que me dividir entre cuidar dele e trabalhar. Nesse momento eu fiquei muito insegura do quanto valia a pena esse sacrifício, não queria perder essa fase importante do crescimento do meu filho, mas estava em um momento importante da minha carreira profissional. Aos poucos fui encontrando o equilíbrio de casa e trabalho e hoje sou muito feliz com minhas escolhas. Agora, começou um novo desafio com um filho de dois anos, uma “bebezinha” de um mês e o trabalho, mas estou mais madura e preparada para enfrentar esse desafio.

ABMP: Acredita que a experiência da maternidade pode, ao invés de atrapalhar, motivar a mulher a ser ainda mais competente e criativa no trabalho?

A.V: Lógico, meus filhos são minha inspiração. Eles me tornaram uma mulher mais madura, equilibrada e humana. Depois de me tornar mãe percebi que meu tempo para o trabalho diminuiu, por isso precisei ser mais eficiente. Quando estou trabalhando estou focada no trabalho.

ABMP: Existe um princípio ou uma regra para administrar seu tempo e evitar aquela tão comum culpa que as mães sentem por não estarem sempre em casa?

A.V: A culpa nos acompanha sempre, ainda não consegui driblar esse sentimento. É difícil administrar o tempo quando se tem filho, casa, marido e trabalho. Não sobra tempo para nada e estou sempre correndo e atrasada. Então, eu comecei a aceitar que não preciso trabalhar doze horas por dia e que meu filho não vai ficar chateado se eu deixar de pegar ou levar na escola alguns dias. Eu não abro mão de viajar sozinha com meu marido uma vez por ano, preciso cuidar do meu casamento. Também não deixo de participar das atividades escolares e colocá-lo para dormir. Para isso, às vezes trabalho de casa ou aos sábados se a semana foi muito corrida. E quando estou com meus filhos tento ser o mais presente possível. Afinal, não importa a quantidade, mas a qualidade do tempo que passamos juntos.

 

ABMP: Segundo o IBGE, as mulheres se ocupam 73% a mais no cuidado de pessoas e atividades domésticas, ainda assim, têm menores salários e competência questionada. De onde será que vem este preconceito? Você aplica, no dia a dia, mensagens voltadas à força feminina e importância da mulher no mercado de trabalho?

A.V: A força feminina precisa ser valorizada. Nós somos multitarefa, conseguimos contribuir em diversos ambientes sociais: casa, trabalho, família, comunidade. Nossa empresa acredita muito no potencial das mulheres. Representamos aproximadamente 60% dos cargos de gerência, 70% do administrativo e 50% do total da empresa. O exemplo vem de dentro e acreditamos ser a mudança que o país precisa. Por isso, na nossa empresa, as mulheres e os homens têm mesmo nível de salário. Enfrentamos preconceito no dia a dia, mas rapidamente mostramos o quanto somos competentes e colocamos os homens no bolso. Eu fico muito orgulhosa de ter uma equipe feminina com tanta qualificação.

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ABMP: Até então tratamos de você enquanto mãe. Invertendo as posições, como é a relação da Amanda filha com o pai no ambiente profissional?

A.V: Eu nunca pensei em trabalhar com o meu pai, fiz Administração porque queria ser uma alta executiva de uma empresa multinacional. Meu pai também nunca fez questão que eu trabalhasse nas nossas empresas e isso era muito claro para mim. Mas, o destino me colocou aqui e o início foi muito difícil. Eu tinha que provar para mim e para ele que eu merecia trabalhar aqui. Eu tinha como chefe o homem que eu mais admirava no mundo, tudo que eu queria ser como profissional. Ele é concentrado, direto, tem um pensamento muito rápido e é extremamente correto e justo. Quando eu cheguei ele ficava muito pouco na empresa, havia iniciado projetos pessoais em paralelo, e, por isso, nas reuniões que tínhamos, tentava ser umWhatsApp Image 2018-04-27 at 07.43.11a esponja e aprender tudo que ele tinha para me ensinar. E assim vem sendo, aprendo todos os dias com ele.  Hoje a nossa relação não poderia ser melhor, eu mostrei que sou comprometida com o trabalho, que luto pela nossa empresa e ele começou a confiar cada vez mais no meu trabalho. Não poderia estar mais feliz profissionalmente. Faço o que amo e tenho como mentor, chefe e parceiro o meu maior ídolo. 

 
Foto: Acervo Pessoal

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