Entrevista: Matheus Bastos – Head de Marketing da Sanar

jun/2019

“Eu diria que não temos uma discussão sem números. Todas as decisões, portanto, são embasadas nos dados vindos dos nossos sites, aplicativos, pesquisas de mercado.”   

                                                                                                                                                                               

Matheus Bastos é engenheiro mecânico pela Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia e University of Colorado, e especialista em Ciência de Dados pela PUC-MG. Atuou na indústria automotiva antes de se apaixonar pela Ciência de Marketing. Hoje é Head de Marketing da Sanar, onde é responsável pela administração de marketing, planejamento de campanhas, compra de mídias e análise de mercado.

 

  

 

ABMP: Como o engenheiro foi parar no marketing de uma startup?

M.B: O comportamento do consumidor, até o boom da internet, era analisado através da sensibilidade do olhar bem treinado de mercadólogos. Na internet, por outro lado, é preciso usar números, como um proxy, para identificar fenômenos, tendências, analisar resultados, realizar diagnósticos.

Minha história no marketing é resultado do acaso e da necessidade de extrair informações de números. Sou apaixonado por dados e tenho trabalhado com números desde os meus primeiros semestres na faculdade.

Quando fui convidado para migrar para o marketing, ocupava o cargo de analista de estratégia. Nosso CEO, Ubiraci, viu no engenheiro que sou alguém com habilidades necessárias para dar ao setor a cara que a Sanar queria. Tem sido uma história extremamente desafiadora desde então.

ABMP: Por dialogar com diversas frentes e ser universal, o marketing, particularmente, é uma área mais aberta para profissionais com formação em outras áreas?

M.B: Eu diria que sim e não. De modo geral, a academia brasileira tem preparado profissionais para o século passado. Esse fenômeno acontece em quase todas as profissões: marketing, engenharia, ciências, etc.

No marketing, para observarmos essa discrepância, basta comparar a grade curricular com as habilidades mostradas na resposta anterior: pouquíssimas escolas apresentam em sua grade matérias como estatística, fundamentos de cálculo, econometria.

Este cenário me parecer abrir a lacuna necessária para explicar a quantidade de profissionais de outras áreas atuando como mercadólogos. Diria que o fato da profissão ser muito pouco regulamentada, também atrai profissionais de formações diferentes.

 

ABMP: A engenharia ainda está presente, de alguma forma, nas suas atividades enquanto head de marketing na Sanar? Se sim, de que forma?

M.B: Todos os dias. Embora hoje eu seja um gestor de marketing, sou engenheiro de formação e sei que serei o resto da vida. O pensamento cartesiano, o desencadeamento lógico que exijo para tomada de decisões dentro do time, nosso posicionamento de mercado baseado em risco e retorno. Tudo isso é resultado de uma mente doutrinada por anos a pensar para otimizar, fazer melhor, andar mais rápido.

 

ABMP: Há anos ouvimos que os livros vão ser substituídos por vídeos e podcasts. Na contramão destas previsões um tanto catastróficas, a Sanar é uma empresa baiana que vem se destacando no mercado editorial na produção de conteúdo e cursos online com alcance nacional. Na sua opinião, por que vem dando certo?

M.B: O mercado tende a mudar com uma velocidade menor que o futurologismo costuma pregar. Foi assim com o rádio, que seria morto pela televisão, com a televisão que seria morta pela internet, ente que mataria também o cinema. Os livros estão sendo ameaçados há anos, embora não consiga ver, num futuro próximo um mundo sem o que os livros representam.

Os livros não são folhas impressas e costuradas com uma capa. Para a Sanar, livros são um portal para uma vida com superpoderes. Eles são as ferramentas que garantem que nossos clientes sejam aprovados em concursos, provas de residência, tenham sucesso na vida acadêmica.

Essa análise permite que reposicionemos os livros como materiais complementares para nossos cursos, que tenhamos questões comentadas de livros em aplicativos ou podcasts que aproximem nosso cliente do seu objetivo. Não acredito que livros vão morrer, mas existem diversos outros mercados a serem explorados com nossa habilidade de produzir conteúdo e temos feito isso.

 

ABMP: Uma empresa com vendas online tem, na mão, um banco de informações privilegiado gerado pelos usuários conectados e suas respectivas redes. Como dimensiona, qualifica e quantifica a utilização do marketing de dados no sucesso da Sanar?

M.B: Eu diria que não temos uma discussão sem números. Todas as decisões, portanto, são embasadas nos dados vindos dos nossos sites, aplicativos, pesquisas de mercado.

É comum ver nossos analistas manipulando planilhas relativamente complexas, usando softwares de processamento de dados comuns em ambiente acadêmico, realizando consultas ao nosso banco de dados. A Sanar tem crescido muito nos últimos anos, é difícil dizer quanto do crescimento vem dessa abordagem, mas eu me arrisco a dizer que muito.

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