Protagonismo feminino na área social

mar/2018

Estamos vivendo uma era de mudanças. A diversidade é a pauta da vez e percebo como as mulheres estão se articulando em movimentos de representatividade. Claro que o protagonismo feminino não vem de hoje, e a Santa Casa da Bahia tem acompanhado e feito parte das iniciativas que mudaram a história durante os 468 anos de existência da instituição.

O próprio surgimento da entidade começa a partir de uma mulher, a Rainha de Portugal, D. Leonor de Lencastre, que sempre dedicou atenção e recursos às desigualdades sociais. Inspirada nas 14 Obras de Misericórdia, ela fez da criação da Santa Casa de Misericórdia de Lisboa, em 1498, o grande feito da sua vida. As expansões ultramarinas foram as grandes responsáveis pela propagação da instituição em todo o mundo. Os portugueses fundavam uma Santa Casa em cada novo território conquistado. Somente no Brasil existem mais de 400.

Na Santa Casa da Bahia, durante muito tempo a Irmandade foi composta apenas por homens. Mas ao longo da história, uma figura feminina chamou atenção. Amélia Rodrigues, educadora, foi convidada para ser Superiora do Asilo Nossa Senhora da Misericórdia, onde ficou durante 10 anos (1914-1924) como encarregada da administração e educação das crianças expostas na roda. E na área de saúde, como não lembrar de Dra. Licia Cavalcante, sanitarista, primeira diretora médica do Hospital Santa Izabel, que teve um papel muito importante nos avanços alcançados até hoje em nossa instituição. Há 24 anos ela já lutava por questões de segurança do paciente, sustentabilidade e contribuiu de forma marcante para a estruturação do nosso hospital.

No século XXI, a atuação e liderança feminina continuam a fazer a diferença. Atualmente, mais de três mil mulheres fazem parte do quadro de colaboradores da instituição que, através de suas atuações profissionais, prestam serviços nas áreas de saúde, ensino e pesquisa, cultura, assistência social e educação. Elas representam aproximadamente 70% da força de trabalho. São mulheres que ocupam as mais diversas posições, inclusive de liderança. Um recente estudo da consultoria McKinsey apontou que ter mulheres em cargos de liderança aumenta em 21% a chance de uma empresa ter performance acima da média.

Um exemplo digno desta forte e dedicada atuação responde por um nome: Lise Weckerle, hoje diretora de Ação Social e Cultura da Santa Casa da Bahia. Ela integra a Irmandade há mais de 18 anos, já foi Vice-Provedora e a primeira Provedora mulher da instituição, substituindo José Antônio Rodrigues Alves, durante o ano de 2013. Foi também a primeira mulher eleita presidente da Associação Comercial da Bahia, por duas gestões consecutivas.

Também posso citar, com muita gratidão, a significativa contribuição das voluntárias nas unidades da Santa Casa. Elas representam cerca de 79% do total de voluntários atuantes no último ano. Disponibilizam seu tempo, com todo amor e dedicação para ajudar o próximo e estar conosco a serviço do bem. Atuação feminina voluntária que também compõe a alta gestão da Instituição, com seis componentes na Diretoria e Conselho.

Ao atuar na Santa Casa da Bahia e também no GACC, tenho o privilégio de estar cercado de diversas mulheres que dedicam seu tempo aos cuidados e prestação de serviços ao próximo, em uma troca que preza, sobretudo, pela humanização nas relações. Isso sem falar em outras instituições sociais que possuem em seu DNA a generosidade e dedicação de grandes mulheres como é o caso das Obras Sociais Irmã Dulce. Instituição esta que hoje é mantida e liderada por Maria Rita, outra mulher de grande expressão. Posso citar também Dra. Dalva Mattos, que fundou a Organização de Auxílio Fraterno, entre outras. Para nossa sorte, no Brasil não faltam nomes para darmos como exemplo. Fortalecer e valorizar essa energia feminina é fundamental para toda sociedade.

Roberto Sá Menezes

Roberto Sá Menezes

Colunista

Provedor da Santa Casa da Bahia, fundador e presidente do Grupo de Apoio à Criança com Câncer da Bahia (GACC-BA), membro do Conselho Fiscal da Associação Obras Sociais Irmã Dulce (AOSID) e do Conselho Consultivo da Confederação das Santas Casas de Misericórdia do Brasil (CMB).

 

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