Uma releitura sobre a importância do branding, pós pandemia

jul/2020

Neste exato momento, protagonizamos um dos maiores acontecimentos globais, vivendo um mundo totalmente inesperado e cheio de incertezas. Situações caóticas em vários níveis de segmentação, que nos deixaram desprevenidos para uma etapa anterior: a preparação para este acontecimento.

Há um ponto de grande atenção, no qual está sendo preciso rever os nossos valores, nossa forma de atuação, de comportamento, de tom de voz, de posicionamento e, com toda certeza, de reinvenção. As empresas, grandes ou pequenas, necessitam e, ainda estão nesse processo de aprendizado com esse novo jeito de consumir e interagir com os seus clientes.

Nesse sentido, as marcas despertaram para novos olhares quanto ao seu real sentido de existirem. De acordo com Matry Neumeier, autor do The Brand Gap: “A marca só existe se estiver na cabeça das pessoas.” ou seja, para que uma marca possa existir e consolidar-se é preciso de um processo de construção na identificação do cliente com uma empresa. É um sentimento visceral, que entende a dor do cliente e faz com que o mesmo se apaixone pelos seus produtos, serviços ou mesmo organizações.

No marketing, passamos anos desenvolvendo essa construção e retroalimentando a cada dia, para que as empresas entendam a sua real função de existir. Não é a percepção da marca sobre ela mesma que traz validação social, mas a percepção do seu público do que ela realmente é e traz consigo.

Anteriormente a pandemia, já trabalhávamos com uma construção de marca, pautada numa visão igualitária do seus públicos – interno e externo – e embasada na percepção de valor que ela é capaz de gerar a sociedade. Esse é o “melhor dos mundos” e o que dá sentido real a gestão de marcas. É estimular o alinhamento entre o que é entregue como imagem e o que essa entrega tem gerado de valor.

Entretanto, nem todas empresas tinham a preocupação com a gestão da marca, nem com a percepção de valor ela que impacta. Durante anos nos vimos num cenário amplo de competitividade e negligenciado por  muitas empresas em transformar esses valores. Hoje, entendemos que o espaço para a competitividade está ficando obsoleto, ao passo que a colaboração vem crescendo, tomando forma e se encaixando nessa nova forma de consumir.

Estamos vivendo a “Era da colaboração”, onde uma empresa tem muito mais chances de sobreviver, se divide os propósitos, princípios e valores com todos aqueles que fazem parte da construção do trabalho e com o objetivo de entregar algo melhor.

Para entendermos o quão importante o branding é nos dias de hoje, basta olharmos para a briga acirrada de informações que chegam até nós.

Para o ano de 2020, foi projetado 110 bilhões de gibabytes de informações e gerações de inputs por dia; ou seja, são muitas marcas requerendo a nossa atenção com muita similaridade entre seus produtos e serviços. O que faz a diferenciação e escolha de uma marca é exatamente o que ela se propõe a entregar e a sua reputação, não só a nível físico e técnico, mas principalmente emocional, que advém de uma combinação de diversos fatores, como por exemplo o atendimento, o pós venda e etc.

A proposta do branding e a releitura que necessitamos fazer no atual e pós momento, é sobre um modelo de gestão orientado pela marca. No qual propõe o processo de construção dela junto aos seus públicos estratégicos, com a orientação de uma conexão emocional que agregue valor ao negócio.

O maior patrimônio de uma empresa é a sua marca então, é preciso desenvolver um trabalho de gestão orientando para ela.

E, a grande questão dessa releitura é entender o encaixe disso tudo, nessa atual conjuntura, que estamos em menor contato com essas marcas e como será permeada essa relação.

Os valores mudaram, a forma de consumir mudou e tudo isso impactará nas relações com as empresas. A propositologia não é mais uma moda, tampouco tendência. Ela é real. Tanto para os indivíduos, quanto para as empresas. É preciso internalizar o propósito (DNA) – em todos os níveis – e deixá-lo bem claro, para que seja percebido como geração de valor pelo público. Ao mesmo tempo em que, a digitalização não é mais uma opção. Ela é realidade, necessidade e reinvenção. É a verdadeira “corrida do ouro” para não perder mercado, ou mesmo fechar as portas. A pandemia apenas acelerou esse movimento, que já vinha ocorrendo.

Está muito claro que todo processo de estratégia e desenvolvimento, terá de ser muito mais ágil; não temos mais tempo para estratégias tão demoradas que deixem o momento presente passar. É preciso um olhar atento, fugaz e conectado, que nos oportunize a criação de uma forma diferente de construir economias melhores e que permeiam a sustentabilidade, a inclusão e a resiliência. A grande releitura do branding permeiam esses campos e tantas outras oportunidades que estão surgindo, nesse quesito é preciso estar atento aos novos modelos de negócios, aos “espaços em branco” que estão sendo criados através da necessidade.

Hoje, mais do que nunca, o menos é mais.

Laila Bensabath

Laila Bensabath

Colunista Convidada

Growth Hacker Manager & Digital Marketing
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