Guerra Cognitiva: o esgotamento psicológico e a desinformação

maio/2023

Com nuances de ‘teoria da conspiração’, relutei em escrever acerca desse tema. Devido ao seu forte tom político, desde que tomei conhecimento sobre a “técnica”, me questionei se realmente seria oportuno abordar a guerra cognitiva, ou cognitive warfare, como tema relevante de debate

Experiência psicológica de manipulação e influência sobre as vontades e os pensamentos das massas, a CW considera a mente humana como um novo espaço de guerra. Observação: inicialmente vamos lembrar que a manipulação do discurso para intervenção sobre o sujeito não é novidade.

É sabido que no período do Terceiro Reich (1933-1945), quando a Alemanha esteve sob domínio nazista, a manipulação das linguagens com forte teor ideológico fez parte da educação de crianças e jovens, das mídias e de quaisquer outros meios de diálogo (influência) entre poder e sociedade.

Assim como no nazismo, ao longo da história governos se apropriaram de mecanismos que pudessem direcionar a massa aos seus próprios interesses. Não restrito às manipulações governamentais, os veículos de comunicação, as empresas, o marketing, a religião e agrupamentos organizados costumam utilizar estratégias associadas às propagandas subliminares, manobras da informação e operações psicológicas para direcionarem pessoas e grupos ao consumo, movimento, opinião ou idealismo.

Acredita-se que com o grande volume de informações e o crescente papel da tecnologia na contemporaneidade, seja necessário o uso de um novo artificio para garantir tomadas de decisão em massa. Enquanto o volume na produção de informações cresce, a guerra cognitiva utiliza o excesso e o esgotamento psicológico dos receptores para a propagação da desinformação.

Quanto mais conteúdos produzidos e disseminados, mais exaustos ficamos ao consumi-los, numa sensação de infinitude das informações e consequente absorção com pouca, ou nenhuma, reflexão crítica.

Muito associado às estratégicas políticas, militares e de governo, a teoria da guerra cognitiva acredita no uso de “neuro-armas” com base nos avanços dos NBICs (Nanotecnologia, Biotecnologia, Tecnologia da Informação e Ciências Cognitivas), afirmando que a partir daí é possível gerenciar as habilidades cognitivas e sobrecarregá-las de informações manipuladas.

Se estamos vivendo esse movimento político-organizado ou não, ainda é uma dúvida para mim. No entanto, confesso que existe uma lógica argumentada na proposta de usar o conhecimento para propósitos conflitantes, frustrando o conhecimento e degenerando a capacidade de conhecer e de produzir informações verossímeis, como recentemente vivemos na política com reflexos na saúde, economia, cultura e sociedade.

_______________
O conteúdo e opinião publicados neste artigo são de inteira responsabilidade do autor ou autora.

Rodrigo Almeida

Rodrigo Almeida

Colunista

Relações Públicas, Mestre em Gestão e Tecnologia Industrial, Professor Universitário e Diretor da agência CRIATIVOS.

Mais artigos

Acolhimento e Fé: O Poder de Unir Corações

Acolher é um ato de empatia e humanidade que transcende qualquer crença religiosa. Independentemente de nossa fé ou das doutrinas que seguimos, todos temos a capacidade de oferecer e receber acolhimento, um gesto que está no cerne do que significa ser humano. A fé,...

ler mais

A Dança da Inclusão: Gestos que transformam

A importância de convidar, tirar para dançar e dar carona de volta em um baile vai muito além das ações em si; elas simbolizam a essência da diversidade e inclusão que a sociedade tanto almeja. Num mundo onde muitas vezes as diferenças são vistas como barreiras, esses...

ler mais

Axé para quem é de Axé! Axé, Anitta!

A perda de seguidores após uma revelação religiosa pode ser encarada como um verdadeiro livramento divino. Aqueles que se afastam de nós nesse momento estão apenas mostrando que não estavam verdadeiramente alinhados com nossos valores e crenças mais profundas. É...

ler mais

Não era amor. Era pix. A relação por interesse.

Em um mundo cada vez mais movido por interesses e conveniências, é comum nos depararmos com relacionamentos que se baseiam em trocas e benefícios mútuos, em detrimento de sentimentos genuínos e conexões emocionais reais. O que antes era conhecido como amor, agora...

ler mais

junte-se ao mercado