A campanha da Previdência: o caro e o barato

abr/2019

Propaganda é cara. Todo mundo sabe e quando digo todo mundo me refiro a quem é da área, ou seja, quem conhece a matéria. Propaganda é cara, sempre foi e nunca deixará de ser, pois no seu objetivo final que é massificação, ou público alvo definido, viabiliza dezenas de milhares de veículos de comunicação que sem ela não conseguiriam oferecer audiência, ou, leitura qualificada. E ela comporta três estágios: planejamento e criação, produção e mídia.

Se toda publicidade é cara (ainda que se relativize o conceito com o argumento de investimento e custo/benefício) qual é a publicidade barata? Nenhuma. O barato é uma ilusão que se amplificou com a falsa ideia de que o investimento em mídias sociais (Twitter, Facebook e Instagram incluídos) a partir de 30 reais, é uma alternativa de baixo custo. E é, mas, também de baixa eficiência.

Faço estas considerações em função das notícias em torno dos investimentos publicitários no recém empossado Governo Bolsonaro.

Li que o governo optou por criar internamente (eufemismo de no improviso) a campanha da Previdência com o objetivo de economizar. Não deu certo. O ministro Paulo Guedes considerou pouco eficiente (eufemismo de uma merda) e então o governo encomendou a profissionais, especificamente à Artplan. Li que o governo gostou da campanha, porém, achou cara. E o impasse continua.

Certamente que o raciocínio do governo é baseado na experiência de campanha. Se chegamos na Presidência sem verba, com baixo investimento e exclusivamente nas redes sociais por que não adotar esse modelo na comunicação pública? E ao suspender todas as campanhas publicitárias e questionar os custos da campanha da Previdência imagina economizar recursos, sem atentar para a ineficiência dessa estratégia.

A reforma da Previdência precisa de uma comunicação eficiente e que chegue a todos os rincões do país, a área rural inclusive, onde o Twitter não existe, é quase um palavrão, o povo nem sabe direito o que é. Comunicação de massa (rádio e TV em especial e carro de som e autofalantes como complemento) é a única alternativa e isso tem um custo que não se reduz por simples vontade do presidente, ou de seus filhos, e conselheiros da corte.

O governo, no seu propósito de reinventar a roda, patina em várias áreas, inclusive na comunicação. As escolhas para gerir a Secom, os profissionais contratados, demonstram que o governo persiste na estratégia de “inventar” para ver se dá certo, cria-se uma bolha que não se sustenta na realidade. Um dia a realidade se impõe, profissionais serão chamados para apagar incêndios, furar a bolha e resolver de fato. Tomara que não seja tarde.

Nelson Cadena

Nelson Cadena

Colunista

Escritor, jornalista e publicitário.
Mais artigos

O preço das promessas e o valor do equilíbrio

Há um momento na vida em que a gente percebe que não dá mais pra se deixar seduzir por promessas. Promessas de reconhecimento, de sucesso, de amor, de pertencimento. Elas vêm embrulhadas em discursos bonitos, em convites empolgados, em projetos que parecem...

ler mais

Papo reto sobre neuromarketing

Vivemos em um mundo supersaturado de informações e produtos. Conhecer as respostas cerebrais permite criar estratégias de comunicação mais inteligentes e que realmente ressoam no consumidor, destacando-se em meio ao ruído. A lealdade atinge nível mínimo (3%) e os...

ler mais

Atenção: o novo ouro do marketing (e o novo caos da mente)

Você já percebeu que a nossa atenção está desaparecendo em câmera lenta?A cada scroll, um pedaço do nosso foco se dissolve em meio a uma avalanche de estímulos. Vivemos na era da hiperconectividade e, também na era da hiperdistração. E o mais curioso é que, enquanto...

ler mais

WOW Moments: o poder do encantamento na experiência

Em um mundo cada vez mais saturado de informações, produtos e serviços, conquistar a atenção das pessoas é apenas o primeiro passo. O verdadeiro desafio está em gerar impacto, em criar lembranças que ultrapassem a lógica da satisfação funcional e toquem a emoção. É...

ler mais

junte-se ao mercado