A neurociência da esperança: Por que o ano novo renova as nossas mentes?
O fim de ano chegou e com ele a expectativa de renovação
E as esperanças do novo começam logo no Natal, com a tradicional troca de presentes. Quem sabe desta vez alguém não surpreende com um regalo diferente, inovador, inesperado? Será que, enfim, o Novo Ano vai ser mesmo especial, inesquecível?
Bom, quase certeza mesmo, são os reencontros com parentes e amigos, o sabor delicioso de comidas que trazem o tempero da memória afetiva e, para muitos, aquela sensação de dever cumprido.
Mas tão certo como um ano após o outro é que as extravagâncias que começam no Natal e parecem não terem data para acabar (afinal no Brasil o Ano Novo só começa de fato após o Carnaval) podem ser gatilhos para o estresse. Aquela história: tudo demais atrapalha, até o panetone…
Por tudo isso, de um jeito ou de outro, a experiência do Natal e Ano Novo vai afetar o cérebro
Para o bem ou para o mal, o espírito festivo, por exemplo, influencia alguns dos neurotransmissores do cérebro, como a dopamina e a serotonina, afetando os níveis de felicidade. A dopamina é uma espécie de bônus para comportamentos impulsionados por recompensas e busca de prazer. Já a serotonina aumenta os sentimentos de satisfação e bem- estar. Sendo assim, a alegria que as festas proporcionam é o resultado dessa química gerada pelo cérebro.
Logo, se você conclui que o ato generoso de dar e receber presentes está associado ao circuito de recompensa do cérebro, que por sua vez provoca a liberação de dopamina e endorfinas, então sua capacidade de interpretação ainda não foi completamente entabulada pelo espírito de Noel. É exatamente isso. Criar vínculos com a família e os amigos também é outro fator positivo para o cérebro, com a liberação da ocitocina, o tal amostradinho conhecido como “hormônio do amor”. E não é pra menos. A ocitocina estimula o comportamento materno, a confiança e o apego social, explicando a sensação calorosa e aconchegante que as festas oferecem.
Mas que mistérios são esses por trás dos sentimentos mágicos que nos invadem no início de cada ano? De que caldeirão brota aquela sensação de que tudo vai dar certo, de que os sonhos se realizarão e de que a vida será mais leve? Mas afinal, o que explica essa explosão de otimismo?
A Neurociência da Esperança
Nosso cérebro é uma máquina complexa, programada para a sobrevivência. E uma das ferramentas mais poderosas que temos à nossa disposição é a capacidade de acreditar. Em outras palavras, o poder de ter esperança. Quando visualizamos um futuro melhor, o cérebro libera dopamina, que como vimos é a substância química que nos motiva a agir em direção aos nossos objetivos, gerando uma sensação de euforia e bem-estar.
Assim, o início de um novo ciclo representa um marco temporal, um momento de renovação e de novas possibilidades. É como se apertássemos o botão “reset” e tivéssemos a chance de começar tudo de novo. Essa percepção de reinício desperta uma satisfação semelhante ao que sentimos quando alcançamos uma meta ou recebemos um presente.
A Influência da Cultura
As tradições de fim de ano, como pular sete ondas, comer lentilha e usar roupas brancas, são heranças culturais que reforçam esse sentimento de pertencimento e esperança. Ao participar desses rituais, nos conectamos com nossas raízes e com a comunidade, fortalecendo a crença de que algo mágico está por vir.
E as empresas também aproveitam para surfar nessa onda de otimismo e impulsionar as vendas. Campanhas publicitárias que exploram o desejo de renovação e de um futuro melhor são tão comuns nessa época como a figura do Papai Noel. Ao associar seus produtos e serviços a esses sentimentos positivos, as marcas criam uma conexão emocional com o consumidor, aumentando as chances de venda.
Mas em época de vacas nem tão gordas o melhor a fazer é renovar a esperança de sermos fortes e capazes o suficiente para resistir às tentações da vitrine. Ou, pelo menos, sermos auto suficientes para arcar com as despesas provocadas pelo excesso de confiança no Ano que vai nascer…
E por que essa esperança se renova a cada ano?
A esperança é um mecanismo de sobrevivência fundamental. Ao acreditar em um futuro melhor, aumentamos nossas chances de encontrar soluções para os problemas e de superar as dificuldades. Além disso, a esperança nos conecta com outras pessoas, fortalecendo os laços sociais e nos dando um sentido de propósito.
Que tal aproveitar esse momento para fazer uma pausa, refletir sobre sua vida e traçar novos planos com determinação? Afinal, o futuro pertence àqueles que acreditam em si mesmos e no poder da esperança. Pode chegar, 2025!!
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Olivia Berni
Colunista
Neuroestrategista de comunicação e CEO do Neuro Insights News e da Plenamind
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