A segunda tela aumenta a eficiência da TV
Estudo revela que o consumo da chamada segunda tela (celulares e tablets) durante o tempo em que pessoas assistem TV aumenta a eficiência da publicidade neste meio
Ao contrário do mito que se estabeleceu desde o crescimento do uso da chamada segunda tela (celulares e tablets) durante o tempo em que pessoas assistem a TV de que isto estaria contribuindo para reduzir o impacto deste meio tradicional, a verdade, revelada por um estudo feito no Reino Unido, é que esse novo hábito aumenta a eficiência da publicidade feita na televisão.
O trabalho foi feito pela ViewersLogic sob encomenda da agência MediaCom no final de 2017 e os resultados vieram a público recentemente. Foram acompanhados integrantes de um painel regular de 4.500 pessoas sobre as quais se aplicou 600 questionários em profundidade, inicialmente, e das quais se acompanhou 4.067 respostas ativas de 1.887 pessoas que acessaram sites e apps das marcas anunciadas na TV nos 15 minutos seguintes à exibição de seus comerciais específicos.
Três verdades foram constatadas pelo estudo, contrariando o mito que se estabeleceu: a primeira é que aumenta a resposta direta aos comerciais de TV por parte daqueles que estão com um device móvel à mão; a segunda é que esse aumento impacta positivamente até mesmo a publicidade institucional da marca; e a terceira é que o uso da segunda tela reduz o movimento de zapping entre os canais da TV.
Os números da pesquisa indicam que 75% das pessoas tem maior probabilidade de acompanhar a oferta de um comercial que viram na TV se estiveram assistindo ao mesmo tempo a segunda tela. Os espectadores também têm uma probabilidade 10% menor de mudar de canal nesse período, com exceção do grupo com idade entre 18 e 24 anos, que não altera seu comportamento estando consumindo a segunda tela ou não. E o índice de lembrança associada à marca, no caso de publicidade institucional, sem oferta direta, aumenta 12% para o conjunto das pessoas.
Perto de 59% das mulheres respondem ativamente a um comercial nessa situação, contra 51% dos homens. As pessoas entre 40 e 54 anos são as mais responsivas, com 57% de respostas ativas registradas. Aquelas com 55 anos ou mais são menos responsivas, com 50% das respostas. Em todos os casos, porém, trata-se de um comportamento positivo em relação ao meio TV.
Para os autores do estudo, uma conclusão geral muito relevante é que o aumento do consumo simultaneamente da TV com a segunda tela – hoje calculado em 30% da audiência geral no Reino Unido –, não afeta negativamente nenhum desses meios e ainda reforça a eficiência da mídia de maior impacto, a TV. O crescimento desse consumo multitela, portanto, será um elemento catalizador e que irá maximizar o efeito da publicidade sobre os consumidores, aumento o retorno para os anunciantes.
Os dirigentes da MediaCom e da ViewersLogic recomendam, de forma objetiva, que com base nas conclusões desse estudo deve ser sempre considerado que a presença e os esforços de publicidade na segunda tela (ou seja, para os celulares e digital acessível pelos tablets) devem ser feitos sempre que uma programação de TV for planejada, especialmente quando o comercial contiver um apelo de resposta direta.
Esses resultados contestam a conversa desavisada ou mal intencionada dos que advogam que um meio substitui o outro e que o digital está tornando obsoletos os meios tradicionais. A verdade, como a observação lógica constata, e mais e mais estudos feitos com seriedade e metodologia adequada comprovam, é que o consumidor agrega o consumo das mídias, selecionando o que é melhor e funciona mais para ele.
Também é irônico constatar que as amplas possibilidades da TV interativa, cujas experiências nunca foram muito bem, estão se tornando realidade com o advento da segunda tela.
Rafael Sampaio
Convidado
Consultor de marketing, comunicação e planejamento estratégico.
Mais artigos
Viver é diferente de estar vivo
Não existe nada que nos leve de forma mais eficaz a uma reflexão da vida, do que a morte.E eu não entendo muito como existem pessoas adultas que evitam tanto entrar em contato com ela: não frequentam velórios…. pelas mais diversas justificativas… que, no fundo, não...
Do Coração à Carteira: Como as Emoções Impulsionam nossos Gastos
Tá chegando o Natal e com ele todos os apelos da indústria de consumo: Black Friday, queima de estoque, promoções, sorteios, cupons etc. É difícil resistir às tentações. Afinal, é uma delícia presentear quem amamos. A emoção nos domina, especialmente no final do ano,...
A vida em plenos passos: Reflexões sobre resiliência e inspiração
Muitas vezes, a vida tem o poder de nos surpreender com inspirações vindas de onde menos esperamos. Este texto foge um pouco da técnica habitual sobre comunicação, big data e inovação que, com frequência, guiam meus pensamentos. Hoje, quero falar sobre o que realmente...
Lentes da inclusão: compromisso real ou apenas mais um filtro de mercado?
A fotografia tem um papel fundamental na construção social, funcionando como um meio de representar, interpretar e influenciar a realidade e a identidade coletiva. Ao registrar momentos, pessoas, lugares e eventos, a fotografia não apenas preserva memórias, mas também...
Geração Z e o Movimento Feed Zero: Autenticidade e Saúde Mental na Era Digital
A Geração Z, composta por pessoas nascidas entre o final da década de 1990 e o início de 2010, está moldando a forma como nos relacionamos com o mundo digital. Uma das características mais marcantes dessa geração é a familiaridade com a tecnologia: enquanto os...
Antecipação Estratégica ou Ansiedade Capitalista: Black Friday, Natal e outras datas
Alguém lhe disse, em agosto de 2024, que você deveria se preparar para o Black Friday (29 de novembro)? Ou por acaso, sua área de compras já encomendou as mercadorias de Natal? E como estão as atividades para o Carnaval 2025? Sobre as demandas para Páscoa de 2025, já...
junte-se ao mercado