As presepadas de dezembro
Comemoramos em 04 de dezembro o Dia Mundial da Propaganda, mas, também reverenciamos Santa Bárbara, no sincretismo do povo de santo, Iansã, o orixá hoje mais popular que a santa de Nicodemia e os calendários de datas supostamente importantes nos informam que é também o dia do pedicuro e dia do orientador educacional, qualquer coisa que isso venha a ser. Penso que seja o professor, mas imagino que seja alguma coisa de mais status, para confundir, em resumo uma presepada.
Não acho ruim essa mania de elevar as profissões, o problema é que se degrada o profissional. Quando você chama a empregada domestica de secretaria do lar, você inferioriza a secretaria que tem outro lastro cultural. E quando você transforma o vendedor em consultor você degrada o consultor que não é vendedor porra nenhuma, é um especialista numa área, mesmo que seja de marketing, na qual ele possui um conjunto de conhecimentos que lhe possibilita aconselhar.
Retomando o fio da meada, celebramos o Dia Mundial da Propaganda que na minha opinião tem a mesma importância para a classe publicitária que o dia do astrônomo. Primeiro por que é uma festa argentina, criada pelos argentinos e que nos, numa dessas presepadas sem lastro, transformamos em Dia Mundial e nem sabemos o que é que se comemora mesmo. A melhor referência que temos disso é fisiológica. É o fígado que lembra cachaça ou cerveja e o estômago que lembra comida e o cérebro vaga.
Prefiro a festa de Santa Bárbara e sou mais comemorar o dia do pedicuro, a pesar do nome feio, muito feio, do profissional que cuida dos pés, por que será? Se os pés são o nosso equilíbrio e quem mora em lugares de rigoroso inverno sabe o que valem pés aquecidos e o risco de pés gelados. E um pé bem cuidado e bem massageado, pelo amor de Deus, lhe torna mais feliz que criar uma campanha brilhante, ou, admirar o anuncio dos outros, vamos convir. Viva o pedicuro! E que Santa Bárbara nos proteja de todo mal e toda presepada.
De todas as presepadas de dezembro ainda me animo com os inimigos e amigos secretos, ainda não inventamos uma forma melhor de confraternizar. Não me parece um traço cultural brasileiro, adotamos isso provavelmente dos americanos, nem vou me dar o trabalho de pesquisar. Desconfio que por trás dos amigos secretos esteja um marqueteiro, a ideia é lhe obrigar a comprar mais um presente para quem você não imaginava e ganhar um de quem você não pensava. Ganha o comércio e perde você.
De minha parte comemorei o Dia Mundial da Propaganda a rigor, louvando Santa Bárbara no Pelô e degustando o caruru do mercado. Eparrei!
Nelson Cadena
Colunista
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