Coerência na essência
Sempre digo que de nada vale a teoria sem a prática. Isso se aplica ao “meu mundo da coleta e análise de dados” mas, essencialmente, se aplica à vida.
As tendências nos levam para inovação, inclusão, equidade, diversidade… e então, as empresas e seus profissionais passam a adotar todas estas palavras em seus discursos. Diga aí, quem nunca??? Quem nunca viu tais termos saírem das bocas enquanto o corpo dizia outra coisa? Quem nunca leu uma manchete sobre empresas que não sustentaram sua retórica?
É como construir castelos de areia: investe-se tempo na elaboração, usa-se as melhores mãos para moldar, incrementa-se com detalhes artísticos e, quando vem a chuva, quando surge uma crise, desmorona tudo.
Coerência é resultado da prática. Um dos melhores ambientes para observar isso é dentro das organizações. Criar um ambiente de trabalho no qual os funcionários possam produzir mais e com maior satisfação é um conceito quase tão antigo quanto a própria administração de empresas. Os primeiros estudos e experiências neste sentido, que deram origem à chamada Teoria das Relações Humanas, foram capitaneados pelo australiano Elton Mayo, por volta de 1930. Até os dias de hoje, no entanto, as organizações ainda tentam encontrar o delicado equilíbrio entre os diversos fatores que levam ao engajamento de seus quadros, consequentemente, ao alto desempenho.
Atualmente, a maioria das empresas (independente do porte) têm um discurso afiado, com uma missão grandiosa, valores nobres e une grande preocupação com questões sociais e ambientais. A dificuldade é colocar isso em prática no dia a dia, especialmente em momentos de incerteza, turbulência, estagnação ou crise.
O problema é que inúmeras vezes as ações se opõem à mensagem de que, para a organização, as pessoas são importantes. Muitas propagam isso, mas a primeira coisa que fazem quando precisam cortar custos é demitir. Vale ressaltar que gerenciar pessoas não é cobrar o atingimento de metas, mas desenvolver, treinar e se comunicar com elas.
O chamado “alinhamento da marca” está diretamente ligado à sensação de respeito e influência de uma empresa tanto externamente, no mercado, quanto internamente, com seus funcionários. Uma marca de confiança ajudará na percepção de solidez de uma estratégia, assim como uma relação de confiança gera maior sentimento de credibilidade no que ela faz.
O grande valor está na reputação. Todas as organizações querem ser bem vistas e bem avaliadas. Mas construir e sustentar reputação requer uma boa dose de coerência na essência. Depende de relações concretas, genuínas e duradouras, sem palavras ao vento.

Diego Oliveira
Colunista
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