Existe manual de sobrevivência?
Você se sente preparado para o dia de amanhã?
Se a resposta é sim, onde estão as orientações?
Se a resposta é não, você acredita que há tempo para se preparar?
Faço o convite para direcionarmos nossas reflexões ao mercado profissional. Tomo a liberdade de afirmar que as empresas não estão preparadas para 2021 e que o consumidor também não está. Basta olharmos para dentro de nossos trabalhos e observarmos notícias amplamente divulgadas…
Recente pesquisa do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) mostra que 90,2% dos respondentes – de um total de 205 pessoas ouvidas – acredita que as empresas não estão preparadas para lidar com crises de grandes proporções, como a atual pandemia;
84% das empresas brasileiras não estão preparadas para a nova Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), segundo relatório da consultoria ICTS Protiviti. Além disso, de acordo com pesquisa feito pela Capterra, 25% dos micro, pequenos e médios empreendedores não têm conhecimento sobre as particularidades da LGPD;
Estudo global encomendado ao IDG Research pela Dell apresenta que 78% dos executivos assume que sua empresa não está preparada para transformação digital;
Outros trabalhos acadêmicos e de núcleos profissionais nos falam que empresas e sociedade não estão preparadas para lidar com as chamadas (equivocadamente, em minha opinião) minorias: idosos, pessoas com deficiência, LGBTI, dentre outras “classificações”.
Ou seja: temos informações suficientes para concluir que é necessário cada vez mais… informações!
Não por acaso defendo e dedico minha carreira profissional às pesquisas e análises de dados. Se temos a sensação de que estamos com uma névoa sobre os nossos olhos, o caminho é clarificar nossa visão por meio da compreensão de mundo e, principalmente, do comportamento humano. A conexão entre as marcas e as pessoas se dá justamente com o fator humano. Se todos os grandes líderes que encomendaram ou tiverem acesso aos estudos citados não se atentaram ao comportamento das pessoas diante destas informações, perderam a chance de desenvolver estratégias efetivas e mais assertivas.
Pensar, por exemplo, em transformação digital sem “calcular” a relação das pessoas com os equipamentos e softwares, é como cozinhar algo sem introduzir os condimentos.
Planejar uma campanha publicitária sem aprofundar-se no cotidiano do público de interesse, é investir em uma trilha musical para surdos. Ou apresentar um texto sem braile a um cego.
Na minha concepção, nosso manual de sobrevivência deve estar embasado em muito contato, mesmo que virtual. Posso confidenciar que para compreender “quem é o jovem de hoje”, montei na Youpper Insights um time de jovens com essa missão; jovens com sensibilidade para a escuta e observação e, principalmente, com “coração aberto” para estar junto às comunidades e viver suas realidades. Porque, como eu gosto de falar, as pessoas não são dados; no entanto, é a partir delas que temos a possibilidade de elaborar e analisar números que são extremamente relevantes para tomadas de decisões, desde a esfera da governança até a identidade visual de uma peça de comunicação.
E sim, ainda temos tempo para conceber nossos próprios manuais de sobrevivência, devidamente customizados à nossa realidade. Não perca tempo!
Diego Oliveira
Colunista
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