Guerra Cognitiva: o esgotamento psicológico e a desinformação
Com nuances de ‘teoria da conspiração’, relutei em escrever acerca desse tema. Devido ao seu forte tom político, desde que tomei conhecimento sobre a “técnica”, me questionei se realmente seria oportuno abordar a guerra cognitiva, ou cognitive warfare, como tema relevante de debate
Experiência psicológica de manipulação e influência sobre as vontades e os pensamentos das massas, a CW considera a mente humana como um novo espaço de guerra. Observação: inicialmente vamos lembrar que a manipulação do discurso para intervenção sobre o sujeito não é novidade.
É sabido que no período do Terceiro Reich (1933-1945), quando a Alemanha esteve sob domínio nazista, a manipulação das linguagens com forte teor ideológico fez parte da educação de crianças e jovens, das mídias e de quaisquer outros meios de diálogo (influência) entre poder e sociedade.
Assim como no nazismo, ao longo da história governos se apropriaram de mecanismos que pudessem direcionar a massa aos seus próprios interesses. Não restrito às manipulações governamentais, os veículos de comunicação, as empresas, o marketing, a religião e agrupamentos organizados costumam utilizar estratégias associadas às propagandas subliminares, manobras da informação e operações psicológicas para direcionarem pessoas e grupos ao consumo, movimento, opinião ou idealismo.
Acredita-se que com o grande volume de informações e o crescente papel da tecnologia na contemporaneidade, seja necessário o uso de um novo artificio para garantir tomadas de decisão em massa. Enquanto o volume na produção de informações cresce, a guerra cognitiva utiliza o excesso e o esgotamento psicológico dos receptores para a propagação da desinformação.
Quanto mais conteúdos produzidos e disseminados, mais exaustos ficamos ao consumi-los, numa sensação de infinitude das informações e consequente absorção com pouca, ou nenhuma, reflexão crítica.
Muito associado às estratégicas políticas, militares e de governo, a teoria da guerra cognitiva acredita no uso de “neuro-armas” com base nos avanços dos NBICs (Nanotecnologia, Biotecnologia, Tecnologia da Informação e Ciências Cognitivas), afirmando que a partir daí é possível gerenciar as habilidades cognitivas e sobrecarregá-las de informações manipuladas.
Se estamos vivendo esse movimento político-organizado ou não, ainda é uma dúvida para mim. No entanto, confesso que existe uma lógica argumentada na proposta de usar o conhecimento para propósitos conflitantes, frustrando o conhecimento e degenerando a capacidade de conhecer e de produzir informações verossímeis, como recentemente vivemos na política com reflexos na saúde, economia, cultura e sociedade.
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Rodrigo Almeida
Colunista
Relações Públicas, Mestre em Gestão e Tecnologia Industrial, Professor Universitário e Diretor da agência CRIATIVOS.
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