Lute pela vida sem deixar de vivê-la
São tantas as demandas contemporâneas, que, muitas vezes, ficamos robotizados na vida, e não sentimos.
Um esforço tão grande em dar conta dos boletos, das obrigações e necessidades da casa, trabalho, filhos, família, que, num ímpeto de sermos competentes, nos sufocamos de nós mesmos.
A criança quer crescer logo, e ter a vida adulta que assiste seus pais viverem;
o adolescente quer a liberdade que só o adulto tem;
o jovem adulto corre atrás de ter conforto, e envelhece, sem sentir, porque tá lá, correndo atrás de uma velhice segura, que ele acha que, na juventude, é que tem energia pra poder garantir.
E aí, abdica um pouco de viver, pra conquistar a segurança que precisa pra, já velho, ‘poder adoecer’, sem precisar depender de recursos de terceiros.
Enquanto isso, filhos são criados sem o convívio com os pais, que trabalham pra garantir a subsistência deles, delegando a funcionários domésticos e à rede de apoio da família, os cuidados.
Já parou pra pensar quando, mesmo, você vai se permitir viver?
Que diferente seria se você saboreasse a vida sem precisar lutar pela sobrevivência, né?!
Você já refletiu sobre quais expectativas você quer atender? As de quem as criou sobre você, ou aquelas que você mesmo carrega, e nem sabe, ao certo, explicar o porquê?!
Quanto mais temos, mais queremos.
Quanto mais queremos, mais gastamos.
Quanto mais transformamos a vida numa batalha, menos vida.
Não precisamos perpetuar a ideia do trabalho como um sacrifício, se entendemos que podemos optar por desenvolver algo prazeroso como ofício.
Só que a luta pela vida ainda nos impede de encontrar, sem culpas, qual o caminho para gozarmos da leveza na nossa prática profissional!
Ainda somos covardes de não querermos enfrentar as críticas de quem, por acaso, nos assiste descansar.
É como se nós próprios nos obrigássemos a sermos produtivos o tempo todo!
É possível amar seu trabalho e desfrutar do seu descanso, e tomara que você não precise viver nenhuma experiência extremista (adoecer, viver lutos de pessoas próximas…) pra tomar consciência disso.
O ingrediente mais importante é a coragem de enfrentar os julgamentos de quem ainda não conquistou isso e lhe julga irresponsável, ou descansado demais.
Nesse movimento, em algum momento, deve se questionar se a culpa que você carrega não é sua mesmo; nasceu de ti? Dessa sua necessidade de querer provar quem é, pra todo mundo que julga que, se você não tem uma rotina exaustiva, não merece gozar do descanso que a alma necessita?!
Há quanto tempo você não se contenta com o que faz nos bastidores, e quer que as pessoas assistam que ‘não foi sorte’?!
Se fez sentido pra você esses questionamentos, se toque, também, que vida passa, e estabeleça um prazo, pra você mesmo, começar a viver. E, se existir luta, que seja em torno de conquistar a tranquilidade de estar fazendo a sua parte!
Aquela parte, que só você sabe que é a que você dá conta, e que, ninguém, além de ti, precisa respeitar.
Até porque, deixa eu te explicar: pra quem não conquistou o que assiste você viver, é uma salvação pensar que tenha sido por sorte. Afinal, reconhecer sua potência só vai fazer essa pessoa se sentir-se pior, e nem todo mundo está preparado para se mover, como você!
Entende?
Pense nisso… temos um ano novinho chegando aí!… Vale a pena vivê-lo!
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O conteúdo e opinião publicados neste artigo são de inteira responsabilidade do autor ou autora.
Sinara Dantas Neves
Colunista
@acuradoraferida
Doutora e pós doutoranda em Família na Sociedade Contemporânea (UCSaL-BR/ ICS- Universidade de Lisboa – PT);
Mestre em Psicologia (USP); Psicoterapeuta sistêmica (ABRATEF 206-BA); Professora universitária há 23 anos;
Pesquisadora da Conjugalidade; Escritora; Palestrante;
Mãe, amante da sua profissão e apaixonada por gente!
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