Mexa esses neurônios gordos.

fev/2017

Sim, estamos todos nesse mesmo barco, observando atordoados naves espaciais voando sobre nossas cabeças. Não sei você, mas essa é a sensação que percebo na maioria dos publicitários do século passado, eu incluso. De repente, acabou toda a nossa tranquilidade de receber um briefing bem comportado, com objetivo relativamente claro, pra apenas traduzir em algo criativo e “vendedor”. Bons tempos. Nada de métricas, nenhum compromisso sério com metas. Não que este modelo de atirar no escuro não seja ainda o padrão de uma série de jobs que recebemos. O problema é que eles já não servem mais como serviam antes. Essas campanhas perderam eficiência e não preciso repetir o porquê, pois você já deve estar cansado dessa conversa apocalíptica. A audiência mudou, o público está mais difícil de ser encontrado de bobeira por aí e, pior, parece desprezar as mensagens old fashion, tal qual rechaçamos a presença daquele vendedor chato que nos aborda durante as compras no shopping.

Nossa sorte é que neurônio serve pra tudo. Numa era em que tudo muda o tempo todo, nada mais poderoso que a criatividade pra criar o porvir (palavra retrô, né?). Nosso cérebro ainda pode ser muito útil para redesenhar processos e negócios, colaborar no design de produtos e serviços, descobrir novos canais pra chegar mais fácil e rápido ao coração do consumidor, antecipar suas necessidades com um olhar mais sensível sobre toda essa miríade de informações hoje disponíveis,  e chegar a insights originais como sempre fizemos, ou seja, inovar. Talvez assim nós possamos exercer a plenitude da nossa alcunha: criativos.

Agora só depende de você. Temos sempre a opção de usufruir dos últimos frutos da cansada galinha dos ovos de ouro e viver da propaganda tradicional por mais alguns anos. Ou podemos turbinar a nossa massa cinzenta com novos estímulos, estudando obcecadamente. Particularmente, com toda humildade, tenho muito orgulho de ter voltado ao banco de escola e ter aprendido com meus ex-alunos e até com alguns alunos deles. Também tenho aberto a cabeça a fórceps pra entender o que dizem meus sábios colegas millennials. No mais, é viver e não ter a vergonha se der feliz. Perguntar sempre foi a minha melhor estratégia pra tudo na vida. Não temos, nem nunca tivemos, obrigação de saber tudo. Mas podemos sempre aprender qualquer coisa, se formos suficientemente curiosos.

Pois é. Se quiser mudar de fase e ganhar vidas, atualize esse aplicativo que você tem aí atrás dos olhos.  Se jogue.

João Dude

João Dude

Convidado

Diretor de Planejamento da Leiaute Propaganda. Foi sócio-diretor de criação da Única Comunicação de 1995 a 2012, formado em Publicidade e Propaganda pela Universidade Católica do Salvador, pós-graduado em Marketing e especialista em Comunicação pela Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM. Inspirado pelo curso de inovação da Perestroika – Escola de Atividades Criativas. Foi diretor da Academia de Neurônios, empresa de desenvolvimento de conteúdo, entre 2003 e 2005 e professor de cursos de graduação e pós-graduação em diversas instituições.

Mais artigos

SEPARAÇÃO não é um BICHO PAPÃO (não deveria ser)

A lei do divórcio (6.515/1977), sancionada em 26 de dezembro de 1977, foi responsável por mudanças profundas na sociedade brasileira. Antes dela, o casamento era pautado pelo vínculo indissolúvel, e, por isso, muitas pessoas se mantinham juntas, mesmo quando...

ler mais

Por um letramento histórico e racial na propaganda

Adoro passear na cidade e observar as propagandas que estão em todos os lugares. Dos outdoors duplos e triplos que visam impactar de forma estratégica seu público-alvo, aos cartazes de quando andamos nas ruas em pequenos centros comerciais. Gosto de observar o que as...

ler mais

Comporte-se e liberte-se!

São muitas variáveis que percorrem o entorno dos consumidores e, quando se trata de entender seu comportamento, testar opções pode ser mais adequado considerando um ambiente em constantes mudanças. Além das análises tradicionais que, atualmente, muitos softwares de...

ler mais

Se o seu algoritmo é branco, a culpa é sua

Em setembro deste ano assisti a uma palestra da atriz e apresentadora Regina Casé, direcionada para uma turma de artistas, criativos, formadores de opinião e empresários de todo o país. Entre ponderações, risadas e provocações, uma fala me atiçou à reflexão: não cabe...

ler mais

Se a sua marca não tem um propósito, está na hora de ter

Chegamos ao ponto de virada. Segundo Antonio Guterres (Secretário Geral da ONU) nós entramos na era da “ebulição global”, ou seja, deixamos o estágio de “aquecimento global” – há predições sobre 2023 ser o ano mais quente em centenas de anos. Além disso, alguns...

ler mais

2024 | o ano das (re) descobertas

Ei! Se apresse! Você está preparado para 2024? O futuro está cada vez mais próximo e é importante estarmos preparados para as mudanças que estão por vir. O ano de 2024 promete ser um marco em diversos aspectos, desde avanços tecnológicos até transformações sociais e...

ler mais

junte-se ao mercado