O dia em que a terra parou

out/2021

A Bahia nos deu grandes e inesquecíveis artistas. Uma das músicas do gênio Raul Seixas é a inspiração para o título deste artigo.

Embalado por versos como:

 “Essa noite
Eu tive um sonho de sonhador
Maluco que sou, eu sonhei
Com o dia em que a Terra parou
Com o dia em que a Terra parou”

reflito, reflito e reflito de novo sobre o apagão ocorrido nas mídias sociais dia 4 de outubro. Gente, a terra quase parou e não era sonho. Foi realidade.

Uma realidade que nos fez lembrar:

da boa e aconchegante ligação telefônica;

dos contatos distribuídos em ordem (ou desordem) na caderneta de papel;

das cartas e acordos por email;

minha mente foi tão longe que recordei até do fax e do mimeógrafo (risos). Se eu falar estes nomes aos meus alunos, duvido que todos saberão do que se trata (mais risos).

Interessante que, a dependência das mídias sociais é tão alarmante que, rapidamente, milhares de usuários migraram para outros canais digitais, como Twitter, Telegram, TikTok, e o que aconteceu? Sobrecarga!!!

Mas será que só estas mídias demonstraram-se vulneráveis e sobrecarregadas?

Dores de cabeça, alteração no sono, excesso de apetite e queda de cabelos. Choro fácil, sinais de ansiedade, desesperança e dificuldade em memorização. Já li em diferentes fontes que esses sintomas podem passar despercebidos, e aparecerem com maior ou menor intensidade, mas como tantas outras reações, são alertas que o nosso corpo dispara para denunciar que algo não está bem. Caso você tenha se identificado com essa descrição, é possível que esteja passando por uma sobrecarga emocional, estado que merece bastante atenção, cuidado e que não deve ser subestimado e nem naturalizado. São aqueles momentos em que costumamos ouvir que estamos estranhos, sem razão aparente mais agressivos, irritados, menos dispostos e com algumas dificuldades cognitivas, como raciocínio mais lento. Muitas vezes isso acontece porque nossas necessidades não estão sendo atendidas, seja de lazer, de descanso, ou mesmo de se sentir querido

Nos últimos dias, as falhas no Facebook, Instagram e WhatsApp trouxeram à tona que nenhum sistema é infalível. E nós, somos? Até tentamos, entretando, os inúmeros sinais do dia a dia afirmam que temos que entender as nossas fraquezas e respeitá-las.

O mundo até pode não parar por completo, mas um corpo humano sim. São muitas as possibilidades que nos levam a ficar numa configuração emocional parecida com a de um copo cheio d’água: apenas uma gota a mais nos faz transbordar. Normalmente é quando a mente está sobrecarregada, a pessoa se sente cansada e estafada, tanto por causa do excesso de demandas externas, com vários pedidos e exigências na casa e no trabalho, quanto por demandas internas, ao acumular atividades e acreditar ser preciso cumprir todas as determinações.

A rotina homeoffice intensificou aquela sensação de que tudo deveria ser “pra ontem”. Sabe o que é urgente? O meu e o seu desejo de viver e não de sobreviver. Como eu gosto de dizer, não se trata de estar online ou offline, o importante é estar all line.

Diego Oliveira

Diego Oliveira

Colunista

Fundador e CEO do Grupo Youpper Consumer & Media Insight. Expert in Consumer & Media Insights. Publicitário e mestre em Comunicação pela Cásper Líbero, especialista em gestão de projetos pela FGV, professor e supervisor universitário na ESPM nos cursos de Publicidade e Propaganda.
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