O esporte baiano sem apoio
Todo mundo sabe que os quenianos são os melhores do mundo, ou pelo menos essa é a percepção, na pratica das corridas de fundo: maratona, meia maratona, 10 mil metros. Uma expertise que eles desenvolveram nos últimos vinte anos, antes disso o protagonismo era de outros países, entre os africanos apenas os etíopes marcavam presença no pódio das competições de fundo.
O que eu estou querendo dizer ou sugerir, é uma reflexão: se os quenianos são bons de corrida, nós baianos, somos bons de que mesmo?
Nos esportes coletivos não somos bons em nenhum e nunca fomos. Não há nenhum time de futebol, basquete, ou, vôlei que tenha sido destaque nacional. Tivemos ao longo da história algumas individualidades nesses esportes, por mérito próprio, que chegaram às seleções nacionais. Zózimo, Dida, Bebeto, Vampeta, Daniel Alves, Edilson, Júnior no futebol; Formiga no futebol feminino; Nilton Pacheco e Israel Machado no basquete; Ricardo no vôlei de praia…. E outros. Poucos.
Dois esportes individuais, contudo, poderiam ter nos proporcionado grandes campeões; o remo e a natação em águas abertas. São esportes com DNA da terra. No primeiro a Bahia chegou a fazer nome como um dos Estados mais competitivos, ninguém no Norte e Nordeste era páreo, sem trocadilhos, para nós. Perdemos esse protagonismo por falta de apoio governamental.
O remo baiano, praticado durante décadas, na Ribeira de Itapagipe, praticamente morreu por não termos recursos para adquirir os barcos de fibra e outros equipamentos de ponta de alto custo. Enquanto o esporte foi amador com equipamentos amadores fomos bons. A tecnologia nos derrotou. Os nossos atletas não tiveram a oportunidade da reciclagem e morremos na praia. Culpa de quem? Do poder público, obvio. Nenhum governo, em momento algum, apoiou essa modalidade esportiva.
Na natação em águas abertas tivemos melhor sorte. Praticada na Bahia desde o século XIX, tivemos um pouco mais de apoio oficial do que o remo, por conta da cobertura de mídia que o tornou de alguma forma popular. Nos deu dois campões mundiais: Ana Marcela Cunha e Alan do Carmo. Ambos tiveram, porém, um fraco desempenho nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro e a tendência é que águas abertas também deixe de ser uma de nossas expertises.
Na Bahia ficamos sem piscina olímpica alguns anos e se repôs a da Fonte Nova com uma de segunda classe. O que as pessoas não sabem é que o treino básico, o dia a dia, para as competições em águas abertas é feito em piscinas e como estamos sem uma adequada, será difícil ter outros campeões.
A omissão do poder público na Bahia em relação aos esportes, é lamentável. Não há orçamento e não há competições em colégios, universidades, cidades. É tudo um faz de conta para parecer que o esporte amador baiano ainda existe. Perspectivas de fazermos campeões e confirmarmos a nossas expertises? Nenhuma.
Se os quenianos são bons de corrida, tenho a impressão que nós também somos. Especialistas em corridas de obstáculos. O problema é que esta modalidade não rende medalhas, apenas frustações.

Nelson Cadena
Colunista
Escritor, jornalista e publicitário.
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