Os “vilões” da comunicação no marketing político

nov/2016

No rescaldo das eleições, aqui e lá, não é preciso ser um cientista político para se aferir que o mais do menos no marketing político já cumpriu o seu tempo, passou da hora. Não é bem o fracasso da comunicação, mas é quase isso, a percepção de que aquelas ferramentas que antes pareciam infalíveis não mais atendem o que se espera delas. Aquela coisa de se adequar o discurso de campanha às pesquisas qualitativas do dia a dia, uma forma de manipulação do eleitor, tem hoje outras variáveis mais eficientes. Manipula-se através das redes sociais e os manipuladores somos nós.

Falei no início deste artigo aqui e lá. Explico melhor. Aqui referia-me às eleições do Rio de Janeiro, lá, às eleições nos Estados Unidos. Em comum, nos dois pleitos, a torcida da mídia e dos formadores de opinião, neste grupo incluído intelectuais e artistas, pelos candidatos que acabaram derrotados nas urnas. Em comum, também, a tentativa de explicar as derrotas, através de um dos mais primitivos instintos humanos desde que nos arvoramos como civilização: os culpados sempre são os outros. Aquela história de que esse “povinho” não sabe votar. O eu quero, ou, eu gosto, não combina com a democracia.

Nos Estados Unidos os Institutos de pesquisa e as redes sociais, em especial o Facebook, foram arrolados como os grandes culpados pela derrota da torcida. Os primeiros pela divergência de números que não foram tão divergentes assim. Acertaram no atacado, mas erraram no varejo. Mas, de fato, a metodologia tradicional que afere o sentimento do eleitor evoluiu pouco, quase nada. Aquela perguntinha básica “Se as eleições fossem hoje em quem você votaria? ”, a mesma feita pelo Gallup quando previu a vitória de Roosevelt em 1936, continua, hoje 80 transcorridos, praticamente a mesma.

Em 1936 o público se informava pelo rádio, as revistas e o jornal. Hoje temos a televisão e as redes sociais. E as redes sociais, em última instância, somos nós. Aquele leitor que se abstém de votar também opina e tem o seu grau de influência, maior ou menor, no Facebook. É um ativista, de boa ou de má fé. Manipula e se deixa manipular, consciente ou inconscientemente. É um aliado e inimigo ao mesmo tempo do marketing político, se é que me fiz entender. Esse cidadão que não vota também faz parte da equação em torno do voto invisível, silencioso, por impulso, da onda; doravante entende-lo é o grande desafio para os institutos de pesquisa. Se querem sentir o pulso do eleitor, terão de quebrar paradigmas, dar um passo à frente.

E o vilão Facebook segundo alguns analistas da imprensa americana? Antigamente era mais fácil: matava-se o mensageiro que trazia as más notícias. Hoje é mais difícil. Como não se pode matar, culpa-se o meio. E surgem as teorias conspiratórias de direcionamento de conteúdo, pelos robôs da rede social para prejudicar, este, ou aquele, candidato. E nascem propostas de editar esse conteúdo e outras bobagens. Muita conversa fiada. Quem não curte? Melhor admitir, entre choro e vela, que o mais do menos no marketing político já era. Ou muda, ou muda. Não há outra alternativa.

PS/Eleições de 2022: Para que pesquisa de opinião? Os robôs do Facebook, a partir da análise dos perfis e das postagens dos usuários, vão nos dizer com absoluta precisão, margem de erro zero, qual o candidato em que você vai votar.

Nelson Cadena

Nelson Cadena

Colunista

Escritor, jornalista e publicitário.

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