Perspectivas da publicidade sobre o que virá
Uma frase antiga diz que “a publicidade é a alma do negócio”. Podemos extrapolá-la e dizer que “a publicidade é a alma da economia”. A indústria publicitária realiza atividades que são “meio” para gerar demanda e agregar valor às atividades fins de outros setores, sendo assim, muito integrada ao restante da economia. O mercado publicitário estará tanto mais aquecido quanto mais acelerado estiver o crescimento econômico. Como a performance da economia real é altamente influenciada pelas expectativas, avaliar as perspectivas dos agentes da publicidade, que são diuturnamente provocados pelas expectativas de outros setores, traz informações relevantes para fazer projeções sobre o futuro.
Antes disso, vale trazer alguns dados sobre a relevância do mercado publicitário. Segundo pesquisa a ABAP, o setor gera cerca de 500 mil empregos no país, tendo um impacto no PIB superior a R$ 400 bilhões. Para cada real investido em publicidade, são gerados R$ 8,54 na economia como um todo. Olhando especificamente para a Bahia, as 1500 empresas do setor empregam 12 mil pessoas e contribuem com cerca de R$ 15 bilhões para o PIB baiano.
Olhando para o desempenho deste ano, o mercado publicitário cresceu, segundo a Kantar, 10% no primeiro semestre, puxado pelos investimentos feitos pelos setores automotivo, de bebidas, beleza e turismo. Segundo o IAB Brasil, 63% das empresas esperam ampliar os investimentos em publicidade, com as de pequeno e médio porte mais dispostas a investir que as maiores.
De maneira geral, são boas as perspectivas para o setor da publicidade. Entretanto, esse diagnóstico não é conclusivo, já que incertezas macro têm impactam. Por outro lado, no que se refere aos aspectos intrínsecos do setor, o cenário é benigno: a publicidade tem sido líder na disrupção tecnológica, incorporando IA em suas atividades, trazendo a chamada TV 3.0, digitalizando o Out Of Home, e tornando o consumo de áudio multiplataforma. Da mesma forma, temos compreendido as novas demandas geracionais, desde o perfil da Geração Z, ao potencial da geração grisalha (grey power).
Em resumo, a publicidade tem conseguido apresentar um desempenho superior ao do PIB, em parte pela sua capacidade de inovar, trazendo soluções ajustadas a cada momento do ciclo econômico e da evolução da sociedade. As perspectivas são de uma melhora gradativa da atividade, mas este cenário não está plenamente contratado: há muito trabalho a fazer para que ele se realize. Estamos prontos, de corpo e alma, para contribuir para esta melhora.
Artigo originalmente postado na coluna Made In Bahia do Jornal A Tarde
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Lucas Reis
Colunista
Presidente da ABMP, CEO da Zygon e Doutor em Comunicação pela Universidade Federal da Bahia
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