Se a sua marca não tem um propósito, está na hora de ter
Chegamos ao ponto de virada.
Segundo Antonio Guterres (Secretário Geral da ONU) nós entramos na era da “ebulição global”, ou seja, deixamos o estágio de “aquecimento global” – há predições sobre 2023 ser o ano mais quente em centenas de anos.
Além disso, alguns pesquisadores definem o momento como vivemos, essa era geológica, como antropoceno, isto é, um período que se inicia com a primeira revolução industrial, na qual o humano atinge potencial global de realizar mudanças no planeta como um todo.
Há indícios científicos de que todos, ou quase todos, os humanos possuem partículas de plástico em seus corpos, e sabemos que o plástico demora 450 anos para se decompor no meio ambiente. Partículas de plástico presentes em nossos corpos sobreviverão a nós e a outras gerações. Belo legado que estamos deixando para o futuro.
Aumentando o tom pessimista do texto, desculpem-me os sensíveis, estamos lidando com duas frentes de guerra terríveis – Israel x Hamas e Rússia x Ucrânia, sem contar os diversos outros conflitos espalhados pelo globo. A guerra de Israel x Hamas ainda tem potencial de trazer outros atores para esse cenário, promovendo um conflito ainda maior.
E olhem que neste cenário nem considerei a violência que assola o Brasil: aumento dos casos de feminicídio; somos o país que mais mata pessoas da população LGBTQIA+; a população negra tem sido alvo de violência policial e criminosa de maneira desumana e sistemática; milícias estão construindo um poder paralelo consistente e desastroso no RJ; e grupos criminosos como o PCC têm avançado em suas ofensivas e estratégias ilegais.
Insisto: chegamos ao ponto de virada.
E o que as marcas devem fazer?
Assumam seus propósitos, trabalhem por uma sociedade segura, inclusiva e igualitária. Definam valores e os repliquem em suas ações, estruturem formas de controle e gestão alinhadas a princípios éticos, mantenham a transparência como uma diferencial significativo e exijam de seus fornecedores e colaboradores as mesmas posturas.
E por que estou falando das marcas? Porque no primeiro semestre de 2023, segundo o jornal Meio & Mensagem, foram investidos de maneira geral em mídia digital o montante de 28 bilhões de reais. Já com base no levantamento da compra de mídia feita por agências de publicidade (319 no total), o CENP – Fórum de Autorregulação do Mercado Publicitário – estima que entre online e offline, no primeiro trimestre do ano, foram investidos mais de 9 bilhões de reais.
O montante de 28 bilhões de reais é maior que o valor do PIB de alguns estados brasileiros, como Acre e Roraima. Essa comparação é apenas para termos uma medida do quão marcas podem impactar o cenário nacional com suas atividades comunicacionais mercadológicas e/ou institucionais.
E, afinal, o que é propósito? Propósito de marca é a razão porque sua marca existe. Não apenas o que sua empresa faz, ou os benefícios que seus produtos trazem, mas como esta pretende realmente contribuir para um mundo melhor (REIMAN, Joey. Propósito. Por que ele engaja colaboradores, constrói marcas fortes e empresas poderosas? São Paulo: HSM Editora, 2013).
Contribuir significa atuar agora, realizar hoje o que se espera que frutifique amanhã. Não teremos árvores para diminuir o calor nas cidades, se não a plantarmos hoje. Não teremos água para nos refrescarmos amanhã, se não cuidarmos das nascentes e da despoluição de rios e dos mares.
Marcas, independentemente do tamanho, podem desenvolver programas para contribuir com organizações não governamentais, podem montar suas próprias ações ou ainda comunicar para incentivar mudanças de hábitos e comportamentos. Há muito o que uma marca pode fazer, a partir de seu poder de influência em nossa sociedade.
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O conteúdo e opinião publicados neste artigo são de inteira responsabilidade do autor ou autora.
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Fábio Caim
Colunista
Branding Creative Thinker
baitech.agency | Branding Dinâmico
Pós-doc, Dr em Comunicação e Semiótica, Publicitário, Psicanalista e Prof. Universitário
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