Sou culpado de abandono de redes sociais, eu confesso!
Quem nunca abandou uma plataforma de mídia social, que me dê o primeiro “deslike” (estou usando liberdade poética para expressar minha ironia).
Antes de adentrar no texto, alguns dos meus motivos para “desencanar” de algumas redes sociais: falta de criatividade da plataforma; muito do mesmo; conteúdo repetido; excesso de conteúdo; fake news; falta de políticas claras de conteúdo e falta de respeito à legislação local.
Abandonei sim! Não me julgue.
Bom, lá vamos nós, vou contar um pouco da minha saga com essas redes tão queridas e, ao mesmo tempo, tão tóxicas. Aliás, você já fez sua desintoxicação anual de mídias sociais? Não fez? Coloque na sua lista de desejos para 2024, pois precisará.
Quando o saudoso, porém tóxico, Twitter mudou para X (e tem perdido valor de marca consistentemente ao longo do ano) optei por não mais usá-lo. Fiquei bem incomodado com os comentários e o jeito tenebroso como a aquisição da plataforma foi conduzida pelo Ellon Musk e, também, pelo layoff feito logo em seguida na esteira das demais bigtechs do planeta.
Infelizmente, as notícias nas mídias sobre o X são as piores possíveis, visto que se tornou um campo sem lei, como se fosse admissível expressar qualquer absurdo, sem a menor preocupação ou punição. O STF já documentou – rede social não é terra sem lei, mas ainda falta deixar isso bem mais claro para alguns players.
Outra plataforma que me fez sentir, por bastante tempo, certo asco foi o Facebook.
Mais uma confissão: durante as eleições de 2018 eu desliguei o Facebook, tanto pela quantidade de fake news, quanto pelas expressões de ódio que eram professadas em cima do argumento de que “esta é minha opinião”.
Sou adepto da máxima: se não tem nada de bom a dizer, não diga. E se não conhece o assunto, não opine, ninguém quer saber (na verdade, quase ninguém, pois infelizmente há muita gente que adora propagar o ódio alheio).
No Facebook eu tinha duas contas – uma de uso estritamente profissional, com uma grande quantidade de contatos e a outra de uso pessoal. A profissional eu, realmente, deletei e a pessoal eu abandonei, tendo retornado esse ano para ver alguns conteúdos, porém de forma bastante esporádica e sem envolvimento.
Não tenho sentido falta, até porque o IG é um resumo imagético do Facebook, assim como o Threads é um resumo escrito e com imagens do IG e cópia descarada do Twitter, quero dizer, X. Verdade seja dita, falta criatividade ao Meta, o que é outro fator que aumentou meu desinteresse.
O Telegram, também, foi uma plataforma que abandonei em 2022, por emissão de fake news originada na própria empresa. Foi absurdo receber uma notícia da plataforma divulgando inverdades. Esse mundo das redes sociais não é só um mundo de ilusão, é também um mundo de absurdos.
Cansaço intelectual
Excesso de informação, tempo exagerado acessando conteúdos irrelevantes, muita desinformação circulando livremente e expressões de ódio e preconceito sendo postadas como “minha opinião”.
A “doença” do “esta é minha opinião” tem o mesmo lugar, para mim, do “eu acho que é assim”.
Se você não discute energia nuclear sendo publicitário, e não discute leis sendo enfermeiro, e não discute cálculo estrutural para prédios sendo ilustrador, então, por qual motivo considera possível opinar sobre outros assuntos sem ter base e conhecimento para isso?
Notei, após um período de uso contínuo dessas redes somadas a outras nas quais ainda me sinto razoavelmente bem, que meu português (escrito) estava sofrível. Muitos erros, esquecimentos e a articulação mental estava declinando (não de maneira abrupta, mas estava) e a relação causal é evidente para mim.
Cheguei à conclusão de que eu sofria de cansaço intelectual, isso mesmo. Não é porque os assuntos nessas e em outras redes sejam superficiais e banais, que não possam provocar cansaço e exaustão.
Vamos ver se você também já sofreu com as indicações abaixo:
– Noites mal dormidas
– Aumento da ansiedade
– Perda de atenção
– Dificuldade de concentração
– Irritação
– Dificuldade em priorizar
– Dificuldade em estar sozinho
– Dificuldade em estar quieto
Obviamente, não tenho nenhuma pretensão de fazer qualquer diagnóstico com o apontamento das situações acima, pois elas são oriundas da minha percepção sobre o meu comportamento.
Quando notei que eu estava acometido por todos esses fatores, entendi que passava por um baita cansaço intelectual.
Eu estava saturado de banalidades.
Era o momento de abandonar as redes que se tornaram irrelevantes para mim. E não sinto falta, devo dizer.
Agora que 2024 se avizinha, a conta é: quais outras redes vou abandonar?
E você já abandonou alguma?
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O conteúdo e opinião publicados neste artigo são de inteira responsabilidade do autor ou autora.

Fábio Caim
Colunista
Branding Creative Thinker
baitech.agency | Branding Dinâmico
Pós-doc, Dr em Comunicação e Semiótica, Publicitário, Psicanalista e Prof. Universitário
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