2018 e o desafio da saúde
Começamos o novo ano com um cenário de incertezas para a área da saúde. Por ser um ano de eleições e, sobretudo, em um período de instabilidade política, é difícil fazer previsões. Mesmo após o ano de 2017 ter sido mais positivo em relação ao ano anterior, com tímida recuperação, 2018 apresenta-se desafiador devido ao atual quadro político-econômico. A dúvida sobre a condução da economia, após as eleições, pode prejudicar – ou melhorar (assim espero!) – o cenário da saúde suplementar e pública.
Atualmente acompanhamos, apreensivos, um mercado de saúde que demora em reagir. Presenciamos o modelo de saúde privada em colapso, com os convênios ameaçados e buscando novas formas de manter-se ativos. Se nada for feito, a previsão é que em três anos os planos não se sustentem com o modelo atual. Com este cenário, muitos convênios estão realizando reestruturações significativas e apertando o cerco ao uso indiscriminado de seus serviços, além de renegociações com prestadores de serviços, visando, ainda mais, redução de preços.
Na saúde pública, presenciamos muita dificuldade no financiamento e, ainda, remuneração defasada, prejudicando a oferta de serviços à população. Junte-se a isso, a procura cada vez maior pelos serviços públicos de saúde, seja pelos consumidores que perderam o plano de saúde privado (junto com o emprego fixo) ou por aqueles que não podem continuar pagando por um. O resultado é uma demanda cada vez maior, desproporcional ao financiamento do setor.
O desafio este ano, portanto, é sobreviver com criatividade e, sobretudo, com transparência. E para isso, acredito que o ponto fundamental seja a comunicação. Afinal, a busca pela transparência, esclarecendo e conscientizando os consumidores, oferece a possibilidade de diálogo positivo e de cuidado com a imagem. Hoje, mais do que nunca, é fundamental se comunicar e ouvir cada vez mais o consumidor, dando-o voz ativa, ouvindo as sugestões e propostas, aperfeiçoando sempre o atendimento.
Uma comunicação ativa também é fundamental no reposicionamento para o mercado. Informar quais problemas e situações estão sendo enfrentados e debatê-los não faz o negócio regredir, apenas demostra o motivo pelo qual algumas ações precisam ser tomadas e traz pra perto os clientes, os parceiros e até os concorrentes – que possivelmente estão passando pelo mesmo.
Roberto Sá Menezes
Colunista
Provedor da Santa Casa da Bahia, fundador e presidente do Grupo de Apoio à Criança com Câncer da Bahia (GACC-BA), membro do Conselho Fiscal da Associação Obras Sociais Irmã Dulce (AOSID) e do Conselho Consultivo da Confederação das Santas Casas de Misericórdia do Brasil (CMB).
Mais artigos
Viver é diferente de estar vivo
Não existe nada que nos leve de forma mais eficaz a uma reflexão da vida, do que a morte.E eu não entendo muito como existem pessoas adultas que evitam tanto entrar em contato com ela: não frequentam velórios…. pelas mais diversas justificativas… que, no fundo, não...
Do Coração à Carteira: Como as Emoções Impulsionam nossos Gastos
Tá chegando o Natal e com ele todos os apelos da indústria de consumo: Black Friday, queima de estoque, promoções, sorteios, cupons etc. É difícil resistir às tentações. Afinal, é uma delícia presentear quem amamos. A emoção nos domina, especialmente no final do ano,...
A vida em plenos passos: Reflexões sobre resiliência e inspiração
Muitas vezes, a vida tem o poder de nos surpreender com inspirações vindas de onde menos esperamos. Este texto foge um pouco da técnica habitual sobre comunicação, big data e inovação que, com frequência, guiam meus pensamentos. Hoje, quero falar sobre o que realmente...
Lentes da inclusão: compromisso real ou apenas mais um filtro de mercado?
A fotografia tem um papel fundamental na construção social, funcionando como um meio de representar, interpretar e influenciar a realidade e a identidade coletiva. Ao registrar momentos, pessoas, lugares e eventos, a fotografia não apenas preserva memórias, mas também...
Geração Z e o Movimento Feed Zero: Autenticidade e Saúde Mental na Era Digital
A Geração Z, composta por pessoas nascidas entre o final da década de 1990 e o início de 2010, está moldando a forma como nos relacionamos com o mundo digital. Uma das características mais marcantes dessa geração é a familiaridade com a tecnologia: enquanto os...
Antecipação Estratégica ou Ansiedade Capitalista: Black Friday, Natal e outras datas
Alguém lhe disse, em agosto de 2024, que você deveria se preparar para o Black Friday (29 de novembro)? Ou por acaso, sua área de compras já encomendou as mercadorias de Natal? E como estão as atividades para o Carnaval 2025? Sobre as demandas para Páscoa de 2025, já...
junte-se ao mercado