Dois de Julho

jul/2018

Sorte nossa de comemorarmos duas independências, a da Bahia e a do Brasil. Comemoramos a primeira em 2 de julho com uma festa dita cívica, mas com elementos caraterísticos de outras festas populares: capoeira, samba, grupos de fanfarras, alegorias. E comemoramos em 07 de setembro com um desfile militar.

A Independência da Bahia foi posterior à Independência do Brasil, um ano de diferença, mas as comemorações são anteriores. O primeiro desfile do 2 de Julho aconteceu em 1824; já o primeiro desfile de 7 de setembro, algumas décadas após.

Sábios ou sabidos foram nossos antepassados em transformar o 2 de julho, originalmente um desfile oficial para o público apreciar, e apenas isso, em um desfile espontâneo com participação popular. Não foi um processo simples. O povo tomou a iniciativa e foi se intrometendo e tomando conta e essa a graça do evento hoje. Deve ser a única festa cívica de independência do mundo sem tanques de guerra, artilharia e aviões das esquadrias de fumaça.

É um evento diferenciado e quem não participa não sabe o que perde, é uma das melhores festas populares da terrinha, porém, conheço muita gente que nunca participou e imagina que o 2 de Julho é aquilo que nos mostram os meios de comunicação. Nada a ver.

A cobertura da mídia costuma ser uma farsa e a depender do veículo mostra uma festa do 2 de julho bem distante da realidade. O rádio e os sites de noticias e de certo modo os jornais priorizam a participação dos políticos, a fofoca, o disse me disse, o mi mi mi… Que pena!

Para sorte nossa a Televisão consegue ser mais fiel aos acontecimentos. O tempo curto para exibição dificulta o mi mi mi e no geral a edição de imagens costuma retratar o ambiente do desfile do 2 de julho. Mostra o povo que é quem realmente faz a festa. Ninguém está interessado no empurra empurra das claques dos políticos, a não ser os próprios veículos que estimulam essa audiência seletiva.

Até quando isso? A minha percepção é que vai demorar para a mídia descobrir que fofoca não é notícia.

Nelson Cadena

Nelson Cadena

Colunista

Escritor, jornalista e publicitário.
Mais artigos

Uma pessoa posicionada posiciona todo mundo

Esse texto é sobre limites. Talvez você esteja precisando pensar sobre eles; talvez você nem saiba como tratá-los, porque não costuma estabelecer, ou não foi educado a partir deles, ou, ainda, talvez você nem saiba do que estou me referindo aqui, por ter passado a...

ler mais

Cultivar cooperação numa era de individualismo

Há quem diga que o espírito de cooperação está em baixa e que é muito difícil hoje em dia praticar empatia e altruísmo numa cultura ultracompetitiva, como a que vivemos. A máxima que rege nossa convivência parece ser o mantra “farinha pouca, meu pirão primeiro”.  Na...

ler mais

Como as Mídias Sociais Moldam o Consumo e o Branding

Este artigo surge como parte de um conjunto de produções que venho desenvolvendo ao longo do meu processo de especialização em consumo, branding e comunicação. Em meio a tantas reflexões e práticas dentro desse campo, vejo que as mídias sociais ocupam um papel central...

ler mais

junte-se ao mercado