Entrevista: Alice Vargas – Gerente Adjunta da Unidade de Marketing e Comunicação do Sebrae Bahia

out/2018

“Comece devagar, mas comece certo: com planejamento de marketing, colocando no papel onde se pretende chegar, os objetivos, o orçamento disponível, as estratégias e ações.”                                                                                              

CAPA_FT (2)Soteropolitana e cheia de ideias, passou por grandes empresas de serviço de TI e varejo, e desde 2010 atua no Sebrae. É formada em Produção, Comunicação e Cultura Contemporânea pela UFBA, com MBA em Marketing pela Unifacs. Tem também pós-graduação em Design Gráfico e de Interfaces pela Unifacs e especialização em Mídias Digitais pela Estácio. São 18 anos de atuação em marketing e comunicação, com experiência em planejamento de comunicação, publicidade, design, produtos editoriais e gestão de marca.

 

 

 

ABMP: Hoje já se vê uma maior preocupação por parte das empresas no investimento em comunicação e marketing. Em vista disso, você acredita que as pessoas estão buscando se qualificar na área?

A.V: Vejo qualificação como uma necessidade de sobrevivência num mercado tão competitivo e que passa por transformações muito rápidas, quase que diárias. Vejo iniciativas de capacitação que envolvem toda a empresa e não apenas alguns especialistas. Isso ajuda a disseminar o conhecimento de modo uniforme. Mas não dá apenas para esperar que a iniciativa de qualificação parta da empresa, mas que seja meta de cada um, de saber mais, de ampliar a visão, de descobrir novos caminhos, de conhecer novas pessoas, de trocar ideias.

 

ABMP: Como gerente adjunta de marketing e comunicação de uma instituição que auxilia no desenvolvimento de empresas, quais são os principais prejuízos de se atribuir pouca importância às estratégias nessa área?

A.V: Não basta ter um bom produto, é fundamental investir na comunicação para o cliente. Uma empresa que não investe no relacionamento com seus clientes nas redes sociais, por exemplo, perde a oportunidade de conhecer mais sobre seu público alvo e tornar sua marca reconhecida, para no futuro ofertar seus produtos para seguidores engajados e mais propensos a realizar compras. Uma empresa que não investe em assessoria de imprensa perde a oportunidade de se posicionar e gerar mídia espontânea, explicar sobre seus produtos e serviços, falar sobre tendências e ofertar informação relevante para a sociedade. Uma empresa que não investe em comunicação interna perde a oportunidade de ter uma equipe de atendimento atualizada e motivada. Uma empresa que não investe em publicidade e propaganda perde a oportunidade de gerar valor para a marca e alcançar novos mercados. Investir em planejamento e estratégias de marketing e comunicação fazem diferença na gestão empresarial, e são fatores de competitividade e de diferenciação junto a concorrência.

 

ABMP: Que conselho você daria a uma pequena empresa que ainda está criando terreno no mercado e tem pouco capital para investir em comunicação e marketing?

A.V: Comece devagar, mas comece certo: com planejamento de marketing, colocando no papel onde se pretende chegar, os objetivos, o orçamento disponível, as estratégias e ações. As ações podem ser realizadas em fases e com ajuda de profissionais – sim, existem agências e fornecedores especialistas em atender pequenos negócios. E conte com o apoio de instituições como o Sebrae, que promove a competitividade e o desenvolvimento de micro e pequenas empresas.


ABMP:
O Sebrae oferece alguma orientação de planejamento neste setor aos empresários e pessoas que buscam capacitação? Como funciona e quais são as dúvidas mais recorrentes?

A.V: O Sebrae oferta a microempreendedores individuais, micro e pequenas empresas orientação empresarial, conteúdos (e-books, planilhas, vídeos, artigos), consultoria e capacitação presencial e à distância sobre finanças, planejamento, empreendedorismo, inovação, vendas e marketing. A consultoria Sebraetec (www.sebraetec.com), por exemplo, oferta soluções de serviços digitais e design, com subsídio de 70%, que pode ser uma ótima opção para quem necessita investir na comunicação de seus produtos e serviços. Além disso, são ofertados durante todo o ano palestras e oficinas, pagas e gratuitas, sobre redes sociais, gestão de marketing, e-commerce e inovação no atendimento. Diariamente, chegam à instituição dúvidas sobre como abrir uma empresa, ideias de negócios e onde estão as oportunidades. E, para atender a esta demanda, o Sebrae Bahia criou o Radar Sebrae, uma ferramenta online que ajuda a validar ideias e descobrir o local mais adequado para o ponto comercial. Está disponível como aplicativo e através do site www.radarsebrae.com.br.

ABMP: Na sua avaliação, há uma falta de atualização no setor ou as pessoas estão acompanhando as tendências do mercado?

A.V: Não creio que haja falta de atualização do setor, as pessoas estão sempre buscando fazer cursos, participar de palestras, ler tutoriais na internet, assistir vídeos, fazer cursos Ead e participar de cursos de pós-graduação. Mas está difícil acompanhar as mudanças, os algoritmos, todas as tendências e ser especialista em tudo. O que percebo é uma falta do aproveitamento deste conhecimento dentro das empresas. É preciso montar equipes multidisciplinares, unir os experientes com a geração digital e possibilitar o compartilhamento com único foco: inovação, competitividade, qualidade e crescimento.

ABMP: Para você quais são as principais tendências de investimento e capacitação do momento? Existe uma explicação para essas tendências?

A.V: Acompanho sempre o que vem acontecendo de capacitação na área e tenho percebido uma tendência a cursos rápidos sobre gestão de redes sociais e marketing digital, e, bem específicos, relacionados a ferramentas (Facebook Ads, Google Ads, softwares de criação e edição, Youtube etc). Estão muito acessíveis em plataformas online e, de dois anos para cá, tem acontecido com frequência na capital baiana. Isso se explica pelo momento de transformação digital pelo qual estamos passando. O investimento em marketing digital tem crescido, assim como a demanda por profissionais especializados e com conhecimentos específicos.  Por outro lado, vejo também oportunidade para oferta de capacitações mais avançadas sobre estratégia e planejamento digital, por exemplo.

ABMP: Em tempos de crise é comum empresas cortarem gastos na comunicação e marketing. Como você avalia isso? O setor pode ser uma salvação num contexto de instabilidade?

A.V: Um dos primeiros cortes acontece realmente na comunicação, o que muitas vezes é um erro, já que são nestes momentos em que é necessário dar mais visibilidade para os produtos e serviços e ganhar mercado. Num contexto de instabilidade é preciso ser mais criativo, no sentido de ter a capacidade de inventar novas formas de atuar, bem como a capacidade de transformar situações de crise em oportunidades. Momento para rever o modelo de negócios das empresas que atuam na cadeia de marketing e comunicação e ofertar ao mercado novas possibilidades. O importante é não deixar que o cliente se veja impossibilitado de comunicar e construir sua imagem junto à sociedade. E, sim, atuar em parceria, com transparência, e ofertar ao cliente conhecimento para juntos desenharem estratégias adaptadas ao cenário econômico.

Crédito Foto: Cris Fernandes

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