Entrevista: Fábio Almeida – Managing Director – Biggie

dez/2024

“O equilíbrio entre explorar novas tendências e aproveitar ao máximo as ferramentas já disponíveis será essencial. O olhar humano, criativo e crítico, continuará sendo o diferencial que garantirá autenticidade e competitividade em um mercado em constante evolução.                                                                                                                                                                                       

 

 

 

ABMP: Fábio, a empresa passou recentemente por uma mudança de posicionamento. Quais foram os principais motivadores dessa transformação e como ela reflete a evolução das necessidades do mercado digital?

FA: Houve uma mudança na estrutura da nossa matriz, com a criação de uma holding que adquiriu algumas agências de serviços variados para o mercado publicitário europeu. Isso levou à unificação da marca. No Brasil, seguimos focados em soluções para mídia digital, e essa mudança é uma oportunidade de fortalecer nosso posicionamento agnóstico, oferecendo acesso às principais plataformas de compra programática, aliadas a tecnologias proprietárias. Mantemos uma abordagem consultiva, próxima dos clientes, buscando os melhores caminhos e soluções para gerenciar as campanhas no dia a dia. Queremos ser reconhecidos não apenas pelos resultados entregues, mas pelo profundo entendimento do comportamento digital, ajudando agências e marcas a navegar em cenários cada vez mais complexos, como o cookieless, a evolução da IA e a jornada fragmentada dos usuários.

ABMP: Com essa mudança de posicionamento, quais são os valores centrais que a nova marca busca comunicar? E como você acredita que isso ajudará a fortalecer o relacionamento com seus clientes e parceiros?

FA: Os valores centrais são transparência, inovação e uma crença na hibridização do trabalho, ou seja, combinar automação com o olhar humano, orgânico e pago, estratégia e ativação, criação e dados. Esses pilares criam confiança e estabelecem parcerias de longo prazo. Fortalecemos o relacionamento entendendo profundamente cada demanda e entregando soluções customizadas para cada cliente, além de contribuirmos com materiais educativos e atualizações constantes sobre plataformas e o mercado.

ABMP: Olhando para o futuro, quais são as principais tendências digitais que você acredita que vão moldar o setor em 2025?Como sua empresa está se preparando para essas mudanças?

FA: Em 2025, vejo a consolidação da IA, o crescimento de canais como TV conectada, DOOH e áudio combinando estratégias com formatos já estabelecidos como o display, vídeo e redes sociais. O desafio será equilibrar a eficiência da IA com o toque humano, criativo e crítico, para evitar a pasteurização das campanhas. Internamente, estamos customizando prompts para análises de público e sites, por exemplo. Isso ajudará num ganho de tempo operacional, liberando mais tempo para o pensamento estratégico de cada ação. Iniciativas internas de treinamentos contínuos, acompanhando de perto as evoluções do mercado e das plataformas de compra.

ABMP: A transformação digital tem sido uma prioridade para muitas empresas. Quais são as principais inovações tecnológicas que você vê como essenciais para o crescimento sustentável do setor nos próximos anos?

FA: Sendo redundante, essa integração com IA é a principal inovação que teremos num curto prazo. E para o setor crescer de forma sustentável, tornar a IA uma aliada na rotina da operação será fundamental. Enxergo as métricas de atenção, cookieless e sustentabilidade como temas importantes também. Um aprofundamento do entendimento e adoção das métricas de atenção, será fundamental para mensurar não apenas se uma campanha foi visualizada , mas como ela impactou o consumidor e a real efetividade de cada ação digital. Para o setor crescer sustentável esse olhar apurado sobre cada campanha, fugindo de achismos e métricas de vaidade, será essencial. Usar bem tudo o que as plataformas já nos oferecem talvez seja a melhor das inovações. Temos um degrau a subir no que diz ao entendimento dos clientes e isso, por vezes, subutiliza o potencial de entrega de uma campanha.

ABMP: Como essa nova fase da marca e seu reposicionamento vão impactar as estratégias de marketing e engajamento digital da empresa em 2025? Há algo novo que os seus clientes podem esperar, como novas soluções ou experiências?

FA: O reposicionamento traz uma abordagem mais consultiva e personalizada, com ações de relacionamento intensificadas, como patrocínios de eventos locais, estudos e outras iniciativas de marketing. Além disso, temos um estúdio criativo para auxiliar na adaptação e criação de peças publicitárias e uma solução proprietária de personalização de anúncios (O DCO, Dynamic Creative Optimization), algo que foi subutilizado nos últimos anos, mas que agora está atualizado e daremos maior foco para que nossos clientes se beneficiem dessas possibilidades de maior personalização também. Queremos ser um parceiro estratégico para nossos clientes, oferecendo soluções completas para explorar ao máximo o potencial da compra programática, combinando inventário, dados, personalização e análise de resultados.

ABMP: A mudança de posicionamento também pode ser uma resposta às mudanças no comportamento dos consumidores, que estão cada vez mais exigentes em termos de experiência digital. Como você acredita que as empresas devem se adaptar para manter a relevância com esse público em 2025?

FA: Esse é um tema cada vez mais desafiador, por mais que a gente ainda use o funil de marketing como referência, esse caminho do consumidor está cada vez mais fragmentado e complexo, off e online se confundem com uma maior digitalização de canais e formatos. A mídia digital é só uma parte de um universo enorme de comunicação e as empresas devem priorizar o entendimento do contexto de consumo do seu público e o nível de importância que o digital tem nesse caminho. Anunciar em novos canais apenas porque viram tendência nem sempre é eficaz, sem um bom planejamento que conecte diferentes frentes de comunicação, a ação muitas vezes é nula. Estratégias integradas multicanal, conteúdo humanizado e maior personalização das mensagens serão fundamentais.

ABMP: Quais são os maiores desafios que você vê para o setor digital nos próximos anos, especialmente em termos de concorrência e inovação? E quais oportunidades você acredita que estão surgindo com essas mudanças? Quais são os maiores desafios e oportunidades para o setor digital nos próximos anos?

FA: A captura da atenção do consumidor está, sem dúvida, entre os maiores desafios do nosso setor. Os canais se multiplicaram, o hábito de consumo muda a cada dia, planejar ações efetivas num cenário de muita fragmentação será cada vez mais complexo. Outro desafio importante é a regulação e novos caminhos para o melhor uso dos dados num cenário cookieless.

A IA generativa é o desafio que traz mais oportunidades para quem souber usá-la com equilíbrio, sem banalização, e conseguir otimizar a operação para entrega de melhores resultados. Já a sustentabilidade, se abordada de forma genuína e séria, e não como modismo, pode abrir novos caminhos e ser um fator de diferenciação competitiva.

O equilíbrio entre explorar novas tendências e aproveitar ao máximo as ferramentas já disponíveis será essencial. O olhar humano, criativo e crítico, continuará sendo o diferencial que garantirá autenticidade e competitividade em um mercado em constante evolução.

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