“O que é o sucesso? É o olhar do outro ou o nosso olhar sobre a vida?”
A ponderação que intitula esse texto, que, por conta do excesso de divagações e caracteres, se transformou nessa espécie de artigo, ganhou novas nuances ao ser instigada por Ivete Sangalo em um podcast, proporcionando uma abordagem que me fez pensar muito sobre isso – e por isso que aqui escrevo este texto.
Ao trazer essa indagação para o último ano, marcado por altos e baixos, iniciando sob a sombra da incerteza e surpreendentemente concluindo de uma maneira inesperada, percebo que o significado do sucesso é fluido, moldado pelas experiências vivenciadas.
Retomando a questão central, surge a dúvida: o sucesso está na realização dos nossos próprios objetivos ou na conformidade com as expectativas alheias? E, adicionalmente, quem são essas pessoas cujos julgamentos aparentemente ditam nosso sucesso? São questionamentos persistentes, frequentemente sem respostas claras. Voltando, será o sucesso o destino que almejo ou o que outros consideram necessário para alcançar um determinado status?
O processo de questionamento sobre o sucesso nos conduz a reflexões mais profundas: a que custo e quanto vale a pena conduzir uma vida em busca de validação externa? A profissão que escolhemos é verdadeiramente a que desejamos, ou apenas aquela que as pessoas consideram a melhor? Essas indagações, muitas vezes negligenciadas, revelam camadas adicionais na busca por uma vida significativa.
Ao considerar o preço de buscar incessantemente a validação externa, nos deparamos com a realidade de sacrificar nossa autenticidade e a realização de nossos próprios desejos em prol das expectativas alheias. Quanto vale a pena abdicar da genuinidade e conformar-se com escolhas que não refletem nossa verdadeira essência? Essa é uma interrogação que vai além do mero conceito de sucesso, levando-nos a uma profunda análise do que realmente importa em nossa vida.
No atual paradigma do sistema mundial, marcado inicialmente pelo capitalismo e, posteriormente, pela ascendência da meritocracia, o sucesso emerge como uma aspiração intensamente desejada e intimamente ligada ao indivíduo – uma conquista que, supostamente, depende exclusivamente de seus esforços, mas que também reflete um senso coletivo comum. Essa realidade suscita questões adicionais, tais como: será que o sucesso se equipara à felicidade? E por que, nesse contexto, ele transformou-se em uma missão de vida? A busca pelo sucesso, nesse cenário, atingiu proporções tão ambiciosas quanto a própria busca pela felicidade, tornando-se quase tóxica. Notavelmente, observamos uma mudança nas expectativas parentais: antes desejavam determinadas profissões para os filhos, como o clássico “queria que meu filho fosse médico”; hoje, anseiam por algo mais essencial – “quero que meu filho seja feliz”. Essa evolução é, sem dúvida, significativa e nos leva a questionar: tornou-se o novo sucesso a realização da felicidade? Parece quase uma imposição.
Apesar dessas ponderações, mantenho a convicção de que o sucesso não se trata apenas posições profissionais ou sociais. Considero superficial quem o percebe de forma tão restrita. Acredito que o sucesso está intrinsecamente ligado a desejos que ultrapassam o visível e o reconhecido publicamente. Não se limita a títulos, mas à maneira como desejo dar forma à minha própria vida.
A renúncia à busca incessante por validação externa pode representar um desafio, mas a satisfação pessoal é verdadeiramente impagável.
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Emanuel Bizerra
Colunista
Comunicólogo e ecologista, estudante de consumo, marcas e comunicação (Lato Sensu). Observador da vida cotidiana e amante da natureza, escrevo quando pede o coração
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