Por que distribuir livros virou ativação de marca para o TikTok?
TikTok anunciou que até o dia 17 de dezembro de 2024, a sua livraria ficará localizada no Conjunto Nacional, na Avenida Paulista (SP/SP), e funcionará das 10h às 20h de segunda a sexta, e das 12h às 20h durante o fim de semana.
A delícia dessa ação – que está promovendo grandes filas em torno do Conjunto Nacional (um dos prédios mais icônicos da cidade e localizado na Avenida Paulista, cartão postal e ponto obrigatório para qualquer turista) é que cada pessoa pode retirar até 5 livros, desde que seja maior de 13 anos e tenha feito um cadastro.

Foto: Paulo José
A ação é fruto do movimento BookTok do TikTok onde diversos “creators” desenvolvem conteúdo de vídeo relacionado aos seus livros preferidos e, inclusive, a tendência avança por outros caminhos e formatos, como dar dicas sobre organizações de espaços, prateleiras, cuidados com os livros e seu armazenamento e muito mais.
Detalhe importante, a plataforma no Brasil tem mais de 98 milhões de usuários.
Outro ponto interessante para demonstrar o quão a ação é relevante financeiramente para o consumidor é que o preço médio de um livro em 2024 é de R$ 59,78 (Painel do Varejo de Livros no Brasil), portanto, 5 livros daria algo em torno de 300 reais, com arredondamento e considerando o preço médio.
Quer dizer, para quem ganha 1 salário-mínimo esse valor de 300 reais representa algo na faixa de 21,25%. Ou seja, impossível para um assalariado dispender esse montante comprando livros.
Ter memória boa é consequência de boas leituras
Vamos resgatar a ação do Felipe Neto em 2019, durante a Feira do Livro do Rio de Janeiro, quando o então prefeito – Marcelo Crivella – censurou a venda de livros com temática LGBT. À época Felipe Neto comprou e distribuiu 10 mil livros, como uma ação de protesto ao político conservador, que em 2020 foi afastado do cargo por corrupção.
E o que as duas ações têm em comum?
É inegável que a atitude do Felipe Neto (positiva e merecedora de aplausos), também, visou consolidar mais e mais sua marca pessoal como uma voz de oposição à extrema direita; bem como, a ação do TikTok caminha pela consolidação da marca como uma plataforma de conteúdo relevante.
Os objetivos de marketing são diferentes, mas a estratégia é muito parecida. Enquanto a do Felipe Neto poderia ser muito mais enquadrada no campo da relações públicas, a do TikTok faz uma boa mistura entre ativação (promoção) e relações públicas. Quer dizer, como estratégia de RP, as duas visam consolidar muito mais suas imagens de marca, do que vender um produto em si.
O bom e velho aprendizado
O brasileiro está ávido por cultura e valoriza as marcas que oferecem conteúdo relevante, de qualidade, com seriedade e compromisso. Além disso, o brasileiro reconhece positivamente quando uma marca assume seu propósito e se levanta em função dele, como é o caso da marca Felipe Neto (infelizmente, também, no processo surgirão muitos haters, mas manter o propósito confere consistência à marca).
Investir em qualidade (em todos os seus desdobramentos) sempre traz resultado positivo, ainda mais quando a qualidade é assertiva e focada nas reais necessidades e desejos dos consumidores.
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O conteúdo e opinião publicados neste artigo são de inteira responsabilidade do autor ou autora.

Fábio Caim
Colunista
Branding Creative Thinker
baitech.agency | Branding Dinâmico
Pós-doc, Dr em Comunicação e Semiótica, Publicitário, Psicanalista e Prof. Universitário
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