ESG no metaverso: soluções da Web 3 para que as empresas gerem impacto positivo
O ambiente corporativo é sempre muito dinâmico e impactado por diferentes tendências, que, por vezes, vemos de maneira estanque. Agora, por exemplo, todas as grandes corporações estão levando em consideração o ESG e o metaverso em suas estratégias. Mas será que estão vendo como estes dois fenômenos se conectam?
Provavelmente não, e neste texto quero jogar luz nas soluções que a Web 3, a web do metaverso, oferece para o ESG.
Relembrando, ESG é uma sigla que em inglês se refere a Meio ambiente (Environment), Social e Governança, e representa um conceito de gestão em que as empresas precisam gerar, além do resultado financeiro, um impacto ambiental e social positivos, bem como ter práticas de governança que busquem a perenidade do negócio, que incluam minorias nos processos decisórios e que não coadunem com práticas de corrupção.
A Web 3 é a internet descentralizada, baseada na tecnologia de blockchain, que aumenta a confiabilidade das transações, garante a liberdade dos usuários, permite o compartilhamento de valores sem a necessidade de intermediários, o que possibilita a construção de mundos virtuais, os metaversos.
Vamos agora ver como ESG e Web 3 se conectam. Focando na questão ambiental (o E do ESG), há protocolos e empresas da Web 3 focadas na tokenização e transação de créditos de carbono, por exemplo.
Posso citar o caso da Moss, que vende direitos de emitir CO2 para empresas que precisam, e usa a receita gerada por esta venda para financiar projetos de preservação e reflorestamento na Amazônia. Tudo isso usando a tecnologia inviolável da blockchain (é impossível fraudar o processo de neutralização de carbono feito por eles).
Outro exemplo é a Polen, que auxilia empresas a cumprir a Lei de Resíduos Sólidos ao cuidar da logística reversa de bens recicláveis. A empresa coleta os itens, tokeniza isso e vende estes créditos às empresas. Novamente, a blockchain garante que todo o processo é inviolável. Numa linha similar há a Detrash, que recolhe lixo dos oceanos, os tokeniza e vende os créditos para empresas que queiram ajudar a limpar os mares.
Endereçando o S do ESG, a Play4change ensina jovens de comunidades carentes a jogar os games play to earn, ou seja, jogos que pagam para jogar. Usando celulares de baixo custo, estas pessoas se divertem enquanto geram uma renda extra, por vezes maior do que sua atividade de trabalho principal. Ainda focada em aspectos sociais, a Impact Plus oferece capacitação e mentorias para que pessoas de baixa renda aprendam sobre blockchain e possam atuar nesta indústria. Um outro exemplo é a venda de NFTs de impacto feita pelo Mercado Bitcoin recentemente: obras de arte foram tokenizadas, vendidas na plataforma e a receita financiou projetos sociais.
Por fim, chegamos ao G do ESG, a governança, e aqui a Web 3 tem a oferecer as DAOs. Estas são organizações autônomas descentralizadas, que definem regras de funcionamento, distribuem tokens de governança e usam a tecnologia de blockchain para garantir que as regras serão cumpridas.
Esta estrutura tem permitido a colaboração de pessoas que não se conhecem ao redor do mundo, pois a confiança no protocolo blockchain as deixa à vontade para colaborar.
Há DAOs com diferentes propósitos. A brasileira Alma DAO é uma associação de empresas interessadas em fomentar o desenvolvimento da Web 3. A Black Leaders DAO busca formar uma geração de lideranças negras para o mundo cripto. A MakerDAO oferece serviços financeiros descentralizados e é gerida como uma DAO.
Pode parecer que a Web 3 e o ESG são assuntos que não se tocam, mas, como mostrado acima, há muita relação entre eles. Empresas tradicionais podem buscar no mundo cripto parceiros para auxiliá-las a diminuir seu impacto ambiental, ampliar seu impacto social e entender o funcionamento da DAO para aprimorar sua governança.
Cabe a nós, profissionais da inovação, enxergar a floresta (o ecossistema geral) e não cada árvore isolada (cada tendência) e auxiliar nossos clientes a aderir às oportunidades que façam sentido aos seus negócios e tenham impacto positivo na sociedade.
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Lucas Reis
Colunista
Presidente da ABMP, CEO da Zygon e Doutor em Comunicação pela Universidade Federal da Bahia
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