Mercado Publicitário: Inovação e Impacto positivo é uma realidade na Bahia?
A dinâmica do mercado atual é influenciada, diretamente, pelo resultado do cenário de incerteza, dos últimos anos, que foi marcado por mudanças abruptas e temor do futuro. Vínhamos fazendo uma transição do mercado industrial para as Big techs, com forte presença da tecnologia, busca pela escalabilidade, abertura de novos mercados, mercados mais competitivos e demandas inéditas.
Nos últimos dois anos, foram gerados 90% dos dados do mundo, aumentando volume de informações e causando impacto no seu consumo. A pandemia acelerou tais mudanças influenciando na gestão da comunicação, nos processos, na cultura, na experiência do cliente e em outros fenômenos que marcam o advento de um novo modelo de pensar que é a Inovação e o compromisso com impacto social e ambiental positivo.
Neste sentido, o mercado publicitário da Bahia vive o desafio de se adaptar para seguir movimentando a economia do estado e, ao mesmo tempo, se conectando com a inovação e o impacto positivo. Olhando para a linha do tempo de desenvolvimento do nosso ecossistema de inovação podemos dizer que estamos evoluindo. Porém, o ritmo poderia ser mais rápido, sem tantos altos e baixos, mais democrático e contemplar nossas características socioculturais.
De acordo com a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS, 2022) a região Nordeste concentra 13,5% dos postos de trabalho, ou seja, tem uma parcela relevante do capital humano do mercado publicitário. Porém, o quanto isso tem refletido na produção intelectual inovadora criativa de interesse e de geração de impacto positivo para a região Nordeste? Será que essa tríade entre inovação, publicidade e impacto socioambiental positivo tem sido utilizada de modo estratégico? Se sim, qual resultado tangível até o momento? Esse resultado tem sido medido?
Não podemos esquecer que a publicidade incentiva a atividade econômica e oportuniza benefícios para empresas e anunciantes, mas também impacta a sociedade com suas mensagens e campanhas. Não tenho dúvidas de que Salvador é a capital da economia da inovação e do impacto socioambiental positivo.
Por outro lado, para capitanearmos essa transformação no Nordeste, precisamos colocar o mercado publicitário a serviço dessa mudança conscientemente. Na Bahia, anualmente, perdemos ‘PIB Humano’ para o eixo Rio de Janeiro – São Paulo, com a falsa premissa de que não há oportunidades qualificadas na região. Trabalhar inovação e Impacto social e ambiental no mercado publicitário é reter talentos, é incentivar o empreendedorismo como algo central na indústria da informação e da cultura.
Como empresário de um Hub de Inovação chamado (@_startei) que ajuda diariamente as empresas a inovarem, posso afirmar que o mercado publicitário é um dos atores mais importantes para a democratização do acesso e da construção do mercado de comunicação. Ele colabora com a construção da base e do terreno adequado para que a criatividade e inovação tenham um olhar central da comunicação, jornalismo e publicidade.
Trago aqui Mohamed Yunus, grande figura dos negócios de impacto e que eu sou fã, no seu livro “Criando um negócio social: como iniciativas economicamente viáveis podem solucionar os grandes problemas da sociedade” ele diz: “Quando você planta a melhor semente da árvore mais alta num vaso pequeno, obtém uma réplica da árvore mais alta, só que com apenas alguns centímetros de altura. Não há nada de errado com a semente plantada; o único problema é que a base, o solo que você deu a ela, foi insuficiente.”
Por isso, este artigo é um convite para o mercado publicitário ser capaz de ajudar a construir solos mais férteis, provocar e estimular o melhor das pessoas, das empresas e anunciantes em busca desse posicionamento. A questão ainda é como olhamos e direcionamos nossas estratégias até os dias de hoje.
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Paulo Henrique Oliveira
Colunista
Sócio do Hub de Inovação STARTEI e Especialista ESG e do Sistema B Brasil
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