Não espalha que é segredo!

ago/2023

Segredos não devem ser espalhados. Então, cuidado porque vou te contar alguns. Saiba como guardar, o que compartilhar e como utilizar 😉

Você sabia que em toda e qualquer área, seja exatas, humanas ou da saúde, há gurus que conseguem prever o futuro? Sim sim, é isso mesmo que você leu. Esses gurus estão espalhados por todos os lados e, com a internet, se multiplicaram mesmo não tendo formação alguma nessas áreas que citei. Sugerem, treinam, vendem ideias e compartilham visões da mesma forma como trocam de roupas diariamente e, ganham seguidores, clientes, pacientes (esse último me assusta um pouco mais).

Um dos segredos que quero contar é que previsões não são baseadas em especulações. Elas necessitam de muita pesquisa, seja em base de dados ou feitas de forma primária, troca de informações, aplicações práticas em algumas situações, simulações, análises de dados, “diálogo” entre pessoas e áreas e muitas outras frentes para se tornarem sólidas, válidas e confiáveis. Ahhh… a grande experiência também conta.

Cada estratégia desenvolvida por empresas, agências, marcas e produtos/serviços que vão ser lançados ou repensados, precisa de inúmeras informações para serem traçadas de forma coerente, criativa, assertiva a fim de trazer os resultados esperados.

Pré-ver significa ver antes dos outros e, para isso, não há segredo, é preciso se antecipar, ser mais ágil e se conectar constantemente com tudo o que há em sua área e no entorno dela. E, partindo desse pressuposto, o próximo segredo tem relação com o que chamo de cíclico. Tudo, absolutamente tudo em nossa vida é cíclico e, se soubermos fazer análises, possivelmente saberemos Pré-ver diversos acontecimentos.

Alguns dos gurus que falei anteriormente dizem prever que novas ondas vão acontecer e que elas serão assim ou assado. Nooooosssaaaa, por essa eu não esperava!!! (há ironia nessa frase)

Alguém fez a previsão de que um dia a internet substituiria diversos serviços manuais; outro alguém disse que conseguiríamos conversar com pessoas do mundo inteiro sem sair de casa; há quem ainda tenha previsto guerras físicas, tecnológicas, corpo a corpo ou online, na política, na religião, entre marcas e mercados e, há também quem tenha previsto paz, descobertas cabeludas de associações políticas, compras e aquisições de empresas por concorrentes. A lista é gigante em todas as frentes, mas o que estou tentando dizer é que tudo isso é cíclico num vai e vem de acontecimentos e, claro, sempre com evoluções, que nos colocam em um novo patamar, com novas ferramentas e insumos para seguirmos e, conseguirmos prever o que pode acontecer.

Está bem! Parece simples, mas na realidade nem tanto. Concordo! Mas quero que apenas reflita comigo, pensando em todas as facilidades que temos hoje em dia para entender de onde vieram, quais alternativas tínhamos antes e se elas já estiveram presentes em nossa vida em outro formato e/ou em outros momentos. Veja, nosso carro já foi o cavalo, nosso whatspp já foi o código morse, nossa previsão do tempo sempre foi a mamãe mandando levar o casaco (aliás, elas ainda acertam mais) por terem experiência de vida com um olhar para fora, analisando sem perceber, o ambiente.

Por fim, para amarrar esses pensamentos, te falo nosso último segredo de hoje: não se criam produtos e serviços com base em necessidades. Elas, as necessidades, já se desligaram de nós há muito tempo. As novas criações precisam se basear em desejos e devem suprir “carências” pessoais em diversos campos, melhorando o que já existe no mercado com adaptações baseadas no que o consumidor nem sabe que precisa.

Há algumas linhas de pensamento em favor e contra a evolução tecnológica, por exemplo. Há quem queira mais e mais facilidades e há quem tenha medo de onde isso vai chegar. Acho esse último grupo um tanto interessante, uma vez que não quer imaginar um robô controlando algo, mas não quer abrir mão do liquidificador, do robô aspirador, do carro, do celular – vale lembrar que todos esses são mini robôs, talvez mais perigosos que muitos outros que vão surgir, justamente por estarem conosco o tempo todo, sabendo nossos horários, onde estamos, com quem estamos e, até, sobre o que estamos conversando ao lado deles.

Eu sei, hoje estou um pouco rebelde e talvez nada disso seja novidade para você. Então, não precisa guardar esses segredos. Por isso, pensei em um quarto segredo, que ficará entre nós, e vou aguardar que me envie um recado contando o resultado – me manda no Insta ou no LinkedIn. Gostaria que você aplicasse no seu negócio, na sua vida ou no seu mercado, os 3 “segredos” comentados acima sem “guruzisse”, ou seja, vá atrás de informações nos mais diversos meios que conseguir, faça análises de dados, entenda melhor seu mercado e seu consumidor, veja se o que está analisando tem histórico e veja como foi o ciclo dele – como começou, de onde veio, altos e baixos e onde está hoje para descobrir para onde deve ir – e, por fim, não fique tentando criar nada do zero, tente aproveitar o que já existe no mercado e faça adaptações, descubra novos mercados para algo que já existe ou novos segmentos que ainda não foram explorados.

Lembre-se, nós, seres humanos somos grandes cobaias ambulantes. Você pode e deve usar isso em seu favor e fazer MVPs para testar, minimamente, o que pretende colocar no mercado.

Até a próxima!

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O conteúdo e opinião publicados neste artigo são de inteira responsabilidade do autor ou autora.

Erika Buzo Martins

Erika Buzo Martins

Colunista

Doutora em Administração, Especialista em Marketing e Publicitária. É entusiasta dos estudos sobre comportamento humano/consumidor, trabalha com consultoria em Desenvolvimento Humano e Marketing. É Master Trainer em Programação Neurolinguística e Coach e, além de atuar como professora universitária há mais de 18 anos, é supervisora de Marketing do curso de Administração da ESPM-SP.

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