O aprendizado como estratégia para o futuro do trabalho
Em novembro tive a oportunidade de participar de alguns eventos sobre inovação, criatividade, tecnologia, dentre eles o Scream Festival em Salvador e o Rec´n´Play em Recife. Em todas as palestras e painéis, olhares e ouvidos atentos para cases de mercado, novas ideias e caminhos que estão se construindo. Para além do conteúdo, que foi rico e denso, meu olhar para a centena de jovens e já renomados profissionais me aprofundou em uma reflexão sobre o aprendizado contínuo.
O tema lifelong learning ainda não era popular quando Bill Gates já separava duas semanas do ano para a sua Think Week (semana do pensamento), período em que se dedica exclusivamente ao aprendizado, leitura de livros e reflexões. Ao perceber cada vez mais a importância desses momentos, executivos da alta gestão da Microsoft ganharam a Think Week, sem distrações ou desafios do dia a dia de trabalho para dedicarem tempo para leitura e aprofundamento em ideias enviadas pelos colaboradores da empresa.
Fomos criados com a visão de que nossa vida seguiria a ordem: estudo, trabalho e aposentadoria. Mas a velocidade do surgimento de novas tecnologias faz com que estudo e trabalho deixem de ser uma rota linear, com começo meio e fim e virem um ciclo, onde constantemente precisamos desenvolver novas competências.
Para ser um eterno aprendiz, o primeiro passo é a auto responsabilização. É necessário entender que a iniciativa de aprender deve partir de si e então aproveitar todas as oportunidades, formais ou informais, de adquirir conhecimento. E o que não falta hoje em dia é conteúdo de qualidade! Sem falar de livros, artigos ou cursos, quanto aprendizados pode-se tirar com podcasts, documentários em streaming e vídeos no YouTube. Mas todo conteúdo pode entrar por um ouvido e sair pelo outro se não houver um aprendizado intencional: a conexão entre as experiências e a aplicação do aprendizado na vida, algo que só pode ser feito por nós mesmos.
Olhando para o mercado de trabalho, todo processo de transformação (inovação, transformação digital, mudança cultural) é um processo de aprendizagem constante. E nesse cenário, a aprendizagem também precisa fazer parte da estratégia empresarial. E para que o profissional tenha essa iniciativa, é importante que a empresa estimule a autonomia entre os seus colaboradores com uma cultura de aprendizagem, uma combinação única de conexões entre as pessoas, ações formais e informais.
O futuro do trabalho é o que estamos construindo agora, não existe uma bala de prata para o sucesso de uma empresa, uma área, um produto, uma campanha. Não existe um caminho único, já traçado, esperando apenas ser seguido. O aprendizado, a troca de ideias, as discussões de formatos são em si a construção desse novo caminho.
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Thalita Di Stasi
Colunista
Diretora Executiva de Soluções da Zygon
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