O que importa é a produção!
Na contemporaneidade da escassez de horas, de profissionais ultra-tarefas, de benefícios encurtados e um surto coletivo de doenças ocupacionais-psicológicas, vivemos um paradigma nesse mundo “tech”, onde a inovação e as ondas “alpha, beta, meta” ditam os novos movimentos.
Sim, é um mundo “controverso”. De um lado, precisamos produzir mais do que a capacidade instalada; aqui se percebe o todo. Fruto de gestões imediatistas e números intermináveis, que despersonalizam/ descaracterizam o humano e, resumem as pessoas à quantidade de operações que elas representam. Por outro, somos abarrotados de soluções e recursos tecnológicos, que buscam a inovação como meio e, trazem juntos aos seus conceitos a palavra “experiência”.
Experiência esta, que está ancorada em termos, cada vez mais globais e curtos (Growth, UX, UI, ESG e etc.) e que, de certa maneira, acaba tornando-se anatômica ao contexto citado no primeiro parágrafo.
Quando os conceitos, de uma era tecnológica e futurista foram desenhados, o cliente, a personalização, a conectividade e a experiência norteavam os estudos do mercado, que absolutamente se consolidou ao perceber as necessidades e as redes de experiências vivenciadas por seus arquétipos, personas e jornadas de compra. Essas foram as principais molas propulsoras para o desenvolvimento de uma economia e consumo “tech”. Muitas organizações se abasteceram desse conhecimento e imergiram no que era importante em cada etapa, trazendo realismo e verdadeiras surpresas ao mundo capitalista.
Investiram em conhecimento, em pesquisa e inteligência de mercado e transformaram suas operações para funcionarem “full” e de modo “feel” todo o tempo. Nessas companhias, o avanço “tech” se estendeu a humanização, a inovação, ao macro e micro ambientes e, prezou-se pela experiência qualitativa como parte essencial para um crescimento estratégico e pensado a longo prazo. Não são poucas organizações que estão nesse processo e, é perceptível tão quando fácil de identificar as mesmas.
Seguindo paralelo a esse sistema, outras enveredaram para o funcionamento “full”, de modo “full” em todas as suas cadeias de produção; onde a experiência é um ponto neutro no seu processo. O enriquecimento de gestões imediatistas, que precisam dar espaço a entregas gigantescas, neutralizaram a qualidade e a base de seus processos: “O que importa é a produção!”. Não importa como, nem de que forma a entrega chegue. Ela precisa apenas chegar.
Não se vê a cadeia como parte fundamental do processo e, tal maneira, não se enxergam também as pessoas, as experiências, o micro e o macro como um todo. Não se pensa estrategicamente a longo prazo, como continuidade de uma cadeia natural, aonde os negócios fluem pela qualidade e experiência ofertada. A quantidade é ditadora. E, também, é muito fácil identificar essas organizações, já que são e ainda estão em sua maioria. Em todas as áreas, segmentos e brechas.
Em meio a uma revolução de multi conexões, ainda nos deparamos com negócios retrógrados, que por falta de visão do mercado situacional da época, não tinham a oportunidade de aprofundar-se como hoje.
A sensação desse tipo de negócio é que a preocupação com o volume é tão vertiginoso e apavorador, que a qualidade pode passar percebida, mas ela sempre será negligenciada.
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Laila Bensabath
Colunista Convidado
Growth Hacker Manager & Digital Marketing
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