Por que Diversidade?
A importância de fazer as perguntas certas
Diversidade se tornou um tema delicado, capaz de travar diálogos e cessar conversas. Muitos medos permeiam a temática, dentre eles – talvez o maior – o receio de uma fala equivocada gerar consequências, quase irreparáveis, de hostilização pública e repúdio coletivo – o famigerado “cancelamento”. Cada vez mais, este parece um assunto espinhoso e próprio a um grupo específico (ou grupos específicos, no plural), ao qual se atribui o que se chama “lugar de fala” – ainda que a grande maioria não saiba o que o termo significa – de modo que muitas pessoas preferem se anular no debate. Muitos conceitos, mudanças, novidades… muita informação. Diante disso, surgem inúmeros questionamentos. Para muitos, o dilema é o seguinte: se é tão arriscado, por que, então, devemos falar sobre diversidade?
Primeiro, porque é um fenômeno. Por mais que se tenha a impressão de que só existe diversidade quando ela é evocada, a realidade é que esse tema atravessa todas as pessoas e todas as relações… desde sempre, mesmo que não se perceba. Ela existe, por si só, e tem efeitos relevantes – mesmo que não se note (ou não se queira notar). E é importante pontuar que não é uma pauta inventada por grupos de militância a fim de “tornar o mundo mais chato” ou, ainda, “impor regras”, mas, sim, uma agenda que surge – e urge – a partir de reflexões e tomadas de consciência a respeito das dinâmicas sociais que são influenciadas por ela. Porque, sim, é objeto de estudo de ciências social, política e afins. É mais do que mera opinião. Demanda estudo, responsabilidade e engajamento. Ignorar a diversidade é muito mais arriscado do que conversar sobre ela. E o caminho é esse mesmo: entender que, para essa abordagem, os achismos são meras hipóteses que, normalmente, se provam superficiais e insustentáveis… porque aquilo que você “acha” costuma considerar apenas as suas experiências, mas a sua vivência no mundo não é a experiência do mundo. “Somos todos iguais”, afirmam os mais otimistas e/ou igualmente alienados. “Não somos todos humanos?”
Sim, somos todos humanos, porém, humanos diferentes, diversos. Nossas diferenças não são uma fraqueza, mas uma potência. Não há problema em sermos diferentes, o problema é se essas diferenças forem utilizadas para gerar desigualdade com base em preconceitos. Sendo assim, um primeiro passo para iniciar essa conversa necessária é não pressupor respostas. Dessa forma, abre-se espaço para escuta, aprendizado e transformação, nessa ordem… escuta é a primeira etapa. E essa é uma palavra-chave para uma das máximas do Marketing: entender para atender. E se as marcas ouvirem bem, essa é uma das principais demandas dos consumidores, não dá pra fugir. A busca é por personalização e, por consequência, busca-se identificação. Mas como conseguir fazer pessoas diversas se identificarem com uma mesma marca? É preciso que a própria marca seja diversa. Por isso, reitero: ignorar a diversidade é mais arriscado do que assimilá-la. Se a sua marca existe para as pessoas, por que ela não contempla esse aspecto absoluto que é a diversidade existente entre elas?
Para respostas satisfatórias, é necessário fazer as perguntas certas. Muitas marcas ainda estão se questionando “por que diversidade?” – mesmo diante de tantas respostas óbvias – quando deveriam se perguntar “para quê diversidade?” e se deixar moldar pelas respostas. É essencial saber questionar; fazer indagações assertivas é um diferencial; mas, mais do que isso, apreender as respostas é decisivo. Enquanto algumas marcas ainda se questionam, da maneira mais básica, o porquê de incluir a diversidade como pilar, outras, como consequência de uma tratativa séria sobre o tema, ampliam seu mercado e aumentam seus lucros. Este resultado é um validador que motiva… mas é este o fim ou o meio? Afinal, para quê diversidade?
Alan di Assis
Colunista Convidado
Comunicólogo/jornalista, MBA em Marketing Estratégico, gestor de comunidade, produtor e consultor em Diversidade
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