Porque convivemos com tantas incertezas
A busca dos líderes é ser extremamente racional para decidir com base em análises igualmente racionais. Daí surge a síndrome do Dr. Spock! Simplesmente porque o personagem do seriado Star trek (Jornada nas estrelas) personifica o raciocínio lógico próprio, sem manifestar emoções. Para aliviar as tensões geradas pela síndrome do Dr. Spock, vale lembrar que não é possível, para um ser humano, levantar todas as informações e analisar todas as variáveis que envolvem um problema. Essa impossibilidade, foi descrita por Herbert Simon, na teoria da Racionalidade Limitada. Simon, com essa teoria, ganhou o Prêmio Nobel de Economia em 1978, esse conhecimento não é novo!
Existem períodos durante os quais as pessoas sentem que suas decisões não são tão boas quanto desejariam. Aqui, a ideia de pedir conselhos, de desacelerar antes de tomar decisões, de se recolher, são boas recomendações. Em situações de crise, as pessoas começam a agir segundo regras, em vez de seguir seus instintos. Elas se tornam mais conservadoras, no sentido de não confiar demais em sua intuição. Aceitam mais conselhos e seguem mais regras
Sim, a experiência e a competência de alguns profissionais ajudam para que tenham bom nível de assertividade. Por outro lado, aprenderam a selecionar o que é relevante, mas não têm todas as informações referentes ao problema. É possível entender, então, que mudanças rápidas do mercado geraram o desaparecimento de verdadeiros gigantes, como a Blackberry, Nokia e Kodak, que com certeza tinham excelentes executivos, mas estes não souberam reconhecer a tempo que o que era relevante para eles deixou de ser para o mercado.
A síndrome de ser o Dr. Spock é natural. Afinal, durante a formação acadêmica, os teóricos e pesquisadores acabaram por reforçar e confirmar a prática alimentada pela crença de que é mais importante e produtivo quantificar do que humanizar.
Então, como agir? Os líderes contemporâneos devem ter o desejo de sucesso por uma causa maior que eles mesmos, conforme ressalta Shimon Peres no artigo Management intuition for the next 50 years, publicado pela McKinsey Quarterly: em momentos de extrema volatilidade, a experiência passada é um guia pouco confiável para os resultados futuros; crie a cultura do ceticismo construtivo e se cerque de pessoas que apresentem múltiplas perspectivas e não tenham medo de desafiar o chefe; e procure agir com calma em meio ao caos.
Portanto, pratique novas formas de comunicar a estratégia com mensagens simples e claras que ressoem através das culturas.
Pense de forma complexa e transmita de forma simples!
_______________
O conteúdo e opinião publicados neste artigo são de inteira responsabilidade do autor ou autora.
Roberto Camanho
Colunista
Professor e Coordenador do Hub de Inovação do curso de Administração da ESPM – Escola Superior de Propaganda e Marketing. Mestre em gestão de inovação e engenheiro mecânico. Especialista em processos decisórios.
Cultivar cooperação numa era de individualismo
Há quem diga que o espírito de cooperação está em baixa e que é muito difícil hoje em dia praticar empatia e altruísmo numa cultura ultracompetitiva, como a que vivemos. A máxima que rege nossa convivência parece ser o mantra “farinha pouca, meu pirão primeiro”. Na...
Ansiedade, estresse e correria – entre Chronos e Kairós
A experiência da ansiedade só é “divertidamente” nos filmes da Disney. Na vida real, cobra um pedágio altíssimo e requer maturidade emocional e resiliência. É sintomático que a animação “Divertidamente 2”, do estudio Pixar, tenha atingido um estrondoso êxito e muitos...
Consumo insustentável na sociedade do excesso
Recentemente, fui convidado pelo Instituto Multiversidad Popular, em Posadas, na capital da Província de Missiones, na Argentina, para falar para os alunos de curso de pós-graduação. A missão da “Multi”, como a instituição é carinhosamente conhecida, é difundir...
A potência oculta dos ritos de passagem
Vocês já repararam quantos ritos celebramos nos meses do verão? A temporada começa antes do Natal. Sagrados ou profanos, eles estão presentes nas tradicionais confraternizações que demarcam o fim do ano laboral, com os lúdicos “amigos-secretos”, típicos ritos “de...
Priorizar a saúde mental
Foi há uns tantos anos atrás, eu atuava em um RH do Polo Petroquímico de Camaçari, foi quando escutei um operário chamar um colega de chão de fábrica, de Tarja Preta. Rodrigo era seu nome e ele havia usado antidepressivos ao longo de um período da doença. O bastante...
Não aperte a minha mente: saúde mental em tempo de urgência
O tempo está passando muito veloz, a velocidade é o novo valor, virou uma commodity, a regra do quanto mais rápido melhor se consolidou. Não apenas comemos fast food, como também escutamos música e recados no WhatsApp de forma acelerada. E há quem assista filmes em...
junte-se ao mercado