Puskas e a liderança em tempos de lifelong learning
Durante minha participação na Conferência Global da AMBA (Association of MBAs) em Budapeste, na Hungria, lembrei de Ferenc Puskás, ícone do futebol dos anos 1950. Para os mais jovens, isso pode parecer estranho, mas explico a relação. Não vi Puskás jogar, mas nasci nos anos 1970, época mais próxima da célebre seleção húngara que, liderada por Puskás, encantou o mundo na Copa de 54.
Naquela época, eles foram conhecidos como os mágicos do futebol, surpreendendo com táticas revolucionárias e transformadoras. Focaram no talento individual a partir de uma perspectiva coletiva, sendo inusitados e ousados, usando criatividade e estratégia para se destacar. Alguém poderia argumentar que isso não adiantou, pois não ganharam a copa, mas minha reflexão aqui não é sobre vitória ou derrota. Podemos usar essas características para qualificar qualquer empresa em busca de seu “oceano azul”.
Apesar do exemplo de futebol, a Hungria me inspirou a abordar discussões do evento. A Inteligência Artificial (IA) dominou painéis, abordando a gestão da experiência do estudante, aulas, gestão acadêmica, captação, análise de dados e comportamentos. Mesmo sendo assunto popular, vejo surpresa e dúvidas em muitas lideranças presentes. É aqui que concentro minha reflexão sobre a relação entre IA, Puskás e Liderança.
O desenvolvimento dos líderes, um dos principais desafios das escolas de negócio, deve considerar a tecnologia como parte fundamental do processo, mas focar na certeza de que a tecnologia mudará – e a diferença será feita pelo ser humano.
Estamos num momento em que a tecnologia ampliou seu papel exponencialmente – a quantidade de dados gerados e usados para decisão; IA organizando esses dados de forma customizada; avanço da IA generativa em análises e interpretações, entre outras inovações. No entanto, o desenvolvimento de competências humanas nunca foi tão importante. Liderar essa transformação exigirá que os profissionais aprofundem o conhecimento das tecnologias, tenham solidez para análises complexas e desenvolvam competências humanas como pensamento crítico, comunicação eficiente, criatividade, sensibilidade para lidar com a diversidade e capacidade de aprender ao longo da vida.
Esse salto para o futuro nos remete a características que conhecemos há muito tempo. É um futuro amalgamado no passado, um desafio para as escolas de negócios: lidar com o passado, o futuro e a tecnologia em ritmo acelerado.
Encerrando com a inspiração inicial, Puskás e a seleção da Hungria surpreenderam com criatividade além da técnica. O tão falado lifelong learning deve propor espaços e desenhos de formação de lideranças que, independentemente do momento profissional e da tecnologia atual, provoquem no líder o desconforto para pensar o futuro de forma inovadora, aprendendo com o passado, mas rompendo com ele e assumindo o papel de protagonista na construção do amanhã.
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Tatsuo Iwata
Colunista
Doutor em Educação, Vice-Presidente Acadêmico da ESPM
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