Responsabilidade Social: Quem lucra com isso?
O conceito surgiu nas últimas décadas e adquiriu tamanha força e importância, que não deixou espaço para meias palavras ou controvérsias: atualmente, a Responsabilidade Social é parte fundamental das corporações. Somente no ano passado, segundo a pesquisa Benchmarking de Investimento Social Corporativo, o total de recursos destinados pelas empresas a projetos sociais girou em torno de R$ 2,6 bilhões.
Entender como esse processo se consolidou não é difícil. Há décadas o Estado não tem conseguido prover sozinho as necessidades sociais da população, mesmo as mais primárias, como saúde, educação, alimentação e saneamento básico. E, ao mesmo passo em que as mazelas sociais aumentavam, crescia também a expectativa de que a iniciativa privada pudesse oferecer tais serviços. Somamos isso ao aumento da consciência do consumidor, muito mais crítico e seletivo, e à importância de ações sociais e ambientais na rotina privada e corporativa.
Em um mercado agressivo, onde concorrentes disputam cada micro parcela do espaço, a Responsabilidade Social Empresarial (SRE) acabou sendo uma iniciativa para as empresas se destacarem. É o diferencial na imagem das corporações, definidora do seu próprio caráter. Em linhas bem diretas, o que a política de RSE comunica ao cliente é: “Aqui nessa empresa, vendemos mais do que um serviço ou uma mercadoria, vendemos também uma vida social mais justa. Ao dar preferência à nossa marca, você também fará parte disso”.
Estudos recentes apontam que 70% dos consumidores preferem empresas que desenvolvam ações de Responsabilidade Social ativas. As principais áreas de investimento em projetos sociais no Brasil são cultura (40% dos investimentos), saúde (16%) e direitos da criança e do adolescente (11%). Na prática, esses investimentos podem ser feitos em projetos próprios ou em instituições filantrópicas que desenvolvem trabalhos nessa área, como as Santas Casas, o GACC e centenas de outras instituições. Somente em Salvador, a Santa Casa da Bahia oferece atendimento de saúde através do Hospital Santa Izabel, mantém uma casa de saúde que assiste crianças em tratamento e familiares do interior, além das ações de educação e cultura realizadas através do Programa Avançar e dos Centros de Educação Infantil.
Mas é preciso estar atento: A sociedade não engole mais as falsas ações. O que é definido em contrato, como contrapartida da empresa, não é ação social. É obrigação! Para as empresas que não praticam ou não podem realizar investimentos diretos de capital em projetos sociais próprios ou em instituições filantrópicas, ainda há possibilidade de incentivar ações sem realiza-las diretamente. Os programas de voluntariado entre seus colaboradores ou mesmo o incentivo de campanhas de doação de serviços e materiais, são algumas opções.
Assim, o bem comum prevalece e o valor da Responsabilidade Social extrapola os números do lucro de capital, afetando positivamente toda a realidade de uma nação. Lucra o empresário, lucra também quem precisa de condições dignas de vida.
Roberto Sá Menezes
Colunista
Provedor da Santa Casa da Bahia, fundador e presidente do Grupo de Apoio à Criança com Câncer da Bahia (GACC-BA), membro do Conselho Fiscal da Associação Obras Sociais Irmã Dulce (AOSID) e do Conselho Consultivo da Confederação das Santas Casas de Misericórdia do Brasil (CMB).
Mais artigos
Seja bem-vinda Madonna, e volte mais vezes.
Sou educado, mas não me julgue, pois não assisti ao show ou me empolguei com a artista no Brasil. Motivo – não gosto muito desse tipo de evento miraculoso, que envolve mais encenação do que recursos e talentos em si. Todavia, isso não invalida a minha noção de que a...
WEB SUMMIT: o que o summit dos summits resolve pro Brasil?
Para saber agora mesmo se você faz parte da bolha dos bem-sucedidos é simples: abra o LinkedIn e veja se no seu feed alguma das últimas cinco publicações é sobre o Web Summit.O summit dos summits aconteceu entre os dias 16 e 18 de maio, no Rio de Janeiro. Nos palcos,...
Não era amor. Era pix. A relação por interesse.
Em um mundo cada vez mais movido por interesses e conveniências, é comum nos depararmos com relacionamentos que se baseiam em trocas e benefícios mútuos, em detrimento de sentimentos genuínos e conexões emocionais reais. O que antes era conhecido como amor, agora...
“Na caverna que você teme entrar, encontra-se o tesouro que busca.”
Você já se perguntou o que torna um personagem um verdadeiro herói? A resposta pode estar em um padrão antigo, que atravessa culturas e épocas: a Jornada do Herói. De Luke Skywalker a Harry Potter, passando por Cinderela e além, todos eles compartilham uma trajetória...
Entre o subterrâneo e o submerso: o que está à mostra numa relação a dois?
Foi unânime a reação das pessoas, pelas redes sociais, diante da cena (humilhante de assistir), em que um participante de um reality show tem suas roupas jogadas na piscina, por outra participante. Não se tratava de um par amoroso, mas, vale a reflexão sobre quantas...
O conhecimento é inovador e ilimitado
Todos sabem o quanto sou apaixonada pela temática de inovação e empreendedorismo. Além disso, nos últimos anos me interesso cada vez mais em participar de eventos nessa área, a fim de buscar refletir sobre o estado da arte de todas as áreas. Um evento de inovação...
junte-se ao mercado