Sobre o coronavírus, o marketing e as empresas
“Toda crise gera uma oportunidade” ou “Enquanto uns choram outros vendem lenços” são adágios conhecidos de todos. Com o coronavírus não tem sido diferente, mas além de algumas oportunidades, a pandemia tem provocado uma série de ações por parte das empresas brasileiras nas quais comunicação e empatia têm andado de mãos dadas. Seja para manter a sobrevivência do negócio frente ao isolamento social ou por solidariedade, observamos cases nesse período que prometem ficar para a história, assim como os reflexos mundiais dessa crise.
Comecemos pelo comércio online. Os varejistas que ainda não operavam nesse canal tiveram de se adaptar a jato, enquanto marketplaces e lojinhas virtuais viram o faturamento ascender de uma hora para outra. A Netshoes, por exemplo, divulgou impressionantes números do setor de artigos esportivos logo no início da quarentena: a venda de cordas subiu 2.000% e a de halteres cresceu 1.900%. No varejo de moda, lojas apostaram nos códigos de descontos enviados pelas vendedoras às suas clientes, via WhatsApp, com o apelo para garantirem a comissão enquanto as lojas físicas permanecem de portas fechadas.
Já o setor de bares e restaurantes, um dos mais afetados, virou sinônimo de delivery e take away. Uma das estratégias de mídia social utilizadas por restaurantes de alto padrão, que até então só operavam no modo tradicional, foi realizar entregas para influencers , que desfrutaram de delícias dentro de casa, mostrando tudo nos seus perfis bombados de seguidores. Na lista dos baianos estão Vini Figueira Gastronomia, Larriquerri, Amado, Buddha Bistrô, só para citar alguns.
E já que Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé. Assim fez a rede Fitbike diante do fechamento de suas duas unidades, passou a alugar as bicicletas de spinning por 30 dias com direito ao traslado para a casa de seus frequentadores assíduos. As circunstâncias também abriram espaço para o humor negro na publicidade, haja vista a campanha de outdoor do Cemitério Bosque da Paz com a frase: “Fique em Casa! Não queremos você aqui”.
De portas fechadas às vésperas da Páscoa, os shoppings centers tiveram de se reinventar. Palmas para os dois empreendimentos do grupo JCPM em Salvador que até mudaram de marca em solidariedade ao momento. Ponto também para o MacDonalds, que entregou lanches a profissionais de saúde da capital e de Feira de Santana, e para o Shopping Barra que mandou entregar pizzas na casa de jornalistas no dia dedicado a esses profissionais. Já em São Paulo, o Outback surpreendeu ao doar ovos de Páscoa para serem revendidos por mercadinhos de bairro.
E se de repente toda a produção de uma indústria tivesse de se transformar num único produto: álcool gel. Assim fez a fábrica baiana de cosméticos Avatim para não ter de demitir seus funcionários. O álcool gel, aliás, virou cobiçado produto de primeira necessidade. A Proa Cervejaria aproveitou para brindar seus clientes com um álcool gel personalizado a cada entrega de uma caixa de cerveja.
Indústrias têxteis também tiveram de alterar suas linhas produtivas para atender à demanda por máscaras de proteção. As baianas Loygus e Ecoloy, por exemplo, se adaptaram em 12 dias para produzir máscaras sustentáveis e ainda criaram o www.mascaradobem.com.br onde a cada item comercializado um é doado para instituições da cidade.
No mercado da comunicação, uma iniciativa pioneira surpreendeu leitores no dia 23 de março. Os maiores jornais do país -incluindo os nossos A Tarde, Correio e Tribuna da Bahia- circularam com a mesma capa, incluindo a hashtag #imprensacontraovirus .
E o que dizer da onda das lives, de entretenimento, educação, negócios…Com todo mundo em casa, as lives no Instagram e YouTube viraram febre. No campo da capacitação empresarial, o Sebrae Bahia tomou a dianteira com o projeto “Dê o Play”, que atingiu mais de 40 mil pessoas em 15 dias, com uma programação intensiva de interações com especialistas sobre temas de interesse do micro empresário.
Apesar dos cases bem-sucedidos, todos sabem que o baque econômico de uma crise como esta será incalculável, mas que ela passará, isso vai. Assim como todas as outras que já abalaram o mundo, deixará aprendizados, entre outros vestígios, afinal, como bem disse o lendário executivo norte-americano Jack Welch: “Pode soar horrível, mas uma crise raramente acaba sem sangue no chão”.

Délia Coutinho
Colunista Convidada
Coordenadora de Comunicação da Fecomércio-BA
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