Você já reparou que todas assistentes virtuais têm nome ou voz de mulher?

maio/2020

Um assistente virtual é uma inteligência artificial capaz de melhorar experiência de um serviço, oferecer suporte mais rápido e mais objetivo que um humano. Ontem, acordei com essa pulga atrás da orelha, porque a maioria dos assistentes virtuais possuem nome e voz de mulher? Siri da Apple, Google Now, Cortana do Windows Phone, Alexa da Amazon, Bia do Bradesco, Magalu da Magazine Luiza e mais tantos outros assistentes…

Lembro do episódio do Friends, quando a personagem Rachel quis contratar uma babá do sexo masculino, foi um grande choque para seu companheiro, Ross, que ao ler o currículo da babá, achou que conheceria uma babá, do sexo feminino. Profissões com propósito de servir sempre tiveram o estereótipo de que são para mulheres.

Durante a pandemia, quem está responsável por boa parte dos afazeres doméstico na sua casa? Observando dados do IBGE de 2019, vemos que as mulheres dedicam até 18,5 horas por semana com afazeres domésticos e cuidando de pessoas. Podemos dizer que esses assistentes virtuais são reflexos da sociedade atual?

 Sim. A tecnologia reflete o mundo atual. Quando a IBM, lançou sua plataforma de inteligência artificial avançada deu nome de Watson. Uma plataforma que ajudaria na pesquisa contra o câncer, prever tendências, aprender, escrever livros e muitos outros avanços. Essa tecnologia poderosa recebeu um nome masculino, em homenagem a Thomas J. Watson, fundador da IBM, já as tarefas corriqueiras, como mostrar a temperatura, indicar o melhor caminho, trocar música no celular, fazer buscas na internet, a tecnologia foi apresentada com o nome de mulher.

Há quem diga que são apenas robôs. Robô não tem gênero, mas será? A voz e o nome feminino só reforçam a visão de que mulheres deveriam ocupar esses papéis de assistentes ou secretárias e isso não aconteceria se mais mulheres tivessem em condições reais de ocupar espaços ditos como masculinos.

É chocante perceber o óbvio, a tecnologia é criada por homens, héteros e brancos e isso explica o motivo desse texto. Ainda assim, acredito que as coisas começaram a mudar.

O número de fundadoras de startups entre 2015 a 2019 é duas vezes maior do que o mesmo número de 2010 a 2014. Iniciativas como a da Cristina Junqueira, cofundadora do Nubank, um dos 9 unicórnios brasileiros Ou, a Gabriela Correa, da Lady Driver, o primeiro App de transporte feito para mulheres e muitas outras mulheres estão fazendo o número de mulheres aliadas da tecnologia crescer. 

Saber que existe uma divisão sexual do trabalho onde as mulheres correspondem 85% das enfermeiras do nosso país, enquanto no nosso congresso elas correspondem apenas há 10,7% somando câmara e senado, não é nada motivador.  2020 é ano de eleição enquanto, vivermos nessa realidade não devemos reforçar esses estereótipos, pesquise mais sobre mulheres que podem fazer a diferença. Valorize as mulheres que você conhece que estão em cargos de liderança essas também são mulheres que podem mudar o rumo dessa história.

Alessandra Fernandes

Alessandra Fernandes

Colunista Convidada

Analista de Comunicação Institucional na Federação das Indústrias do Estado da Bahia –FIEB.
Especialista em tirar projetos e ideias do papel e fazer acontecer. Publicitária com experiência diversificada na área de marketing, planejamento e gestão de campanhas publicitárias e desenvolvimento de projetos digitais

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