mar/2023

O mês de março é marcado por discussões em torno do papel da mulher na sociedade que se aflora, mas será que essa é uma pauta para ser levantada apenas em um mês do ano?

Entre os desafios que as mulheres podem enfrentar no mercado publicitário, estão a falta de representatividade em cargos de liderança e a disparidade salarial em comparação aos homens.

Apesar desses desafios, muitas mulheres estão trabalhando para mudar essa realidade e conquistar seu espaço na indústria.

Embora ainda haja um longo caminho a percorrer, é importante reconhecer o progresso que foi feito e continuar lutando pela igualdade de gênero no mercado publicitário e, em especial, no mercado publicitário baiano.

Para falar sobre os desafios e avanços, convidamos cinco profissionais que se destacam no nosso mercado para contar como tem sido a receptividade do mercado às novas profissionais e quais avanços elas percebem.

 

Confiram abaixo.

Ana Coelho

“Eu sinto que tenho uma enorme responsabilidade. Sei que posso abrir portas e contribuir para criar um ambiente mais favorável para as mulheres que trabalham com publicidade, inovação e economia criativa.

Fico feliz por fazer parte desse momento em que as pessoas enxergam a importância da diversidade em todos os espaços. Acredito que o papel de quem está no mercado publicitário é ficar atento às oportunidades de realizar ações concretas. E, principalmente, entender que cada um pode contribuir para essa mudança”.

Vera Rocha Dauster

“Confesso, que já foi mais difícil ser uma profissional publicitária. Havia uma demanda de ser uma  mulher bonita e, muitas vezes, apenas para ser melhor aceita pelos clientes.

As escolas de Propaganda e Marketing ajudaram muito a quebrar preconceitos quanto à competência feminina, pois elas sempre tiveram um bom desempenho acadêmico.

Hoje, a realidade é outra. Somos mais mulheres ocupando cargos de chefia, embora continuemos cumprindo uma tripla jornada: empresa, casa e filhos.

Ao longo dos anos, o mercado vem mudando junto com a sociedade, mas ainda temos muito o que conquistar, além de batalhas a travar, como os lamentáveis casos de assédio sexual.

Os salários das mulheres ainda não se equiparam aos dos homens numa mesma função. E a violência contra a mulher tem que ser vencida, pois no Brasil, ainda temos 1 mulher morta por feminicídio a cada 6 horas.

Mas, apesar desse cenário, a mulher publicitária domina as novas tecnologias e está fortemente presente na área digital. Confio muito que estamos construindo uma nova história”.

Silvana Cunha

“Ao longo dos anos, percebi que o mercado publicitário baiano se tornou mais aberto para profissionais femininas e sou grata por isso. O mercado segue um caminho favorável e deve abrir mais oportunidades para mulheres que já são líderes e assim, avançaremos mais!

Acredito que, com o passar dos tempos, conseguiremos ver mais mulheres em cargos de liderança e posições de destaque nesse mercado.

Além disso, existem duas associações que me deram espaço para contribuir com o mercado, que são a ABMP e a ABAP-Ba, onde atuo há 10 e 9 anos, respectivamente. Através dessas instituições tenho tido a oportunidade de contribuir para o crescimento do nosso mercado baiano”.

Michele Estevez

“O mercado para mim sempre foi muito feminino. Na Propeg, ao longo desses anos, tive grandes referências de mulheres em cargos de chefia. Logo no início, tive uma diretora de Mídia, em um mercado que há 20 anos era, em sua grande maioria, masculino. Depois uma mulher assumiu a Vice-Presidência de Criação e outra a de Planejamento.

Hoje, em todas as suas unidades, a Propeg tem mulheres à frente dos departamentos, e acho isso o máximo, porque vejo mulheres empoderadas, respeitadas, tocando com todas as suas qualidades na agência, apesar dos seus inúmeros desafios, que sabemos que são muitos.

A mulher tem na sua essência o cuidar, e respeitar, o ouvir. Isso na prática faz a diferença na rotina de nossa profissão. Mas, mesmo tendo tanto respeito dentro da empresa, já sofri muito preconceito em reuniões externas, quando pessoas falavam tanto do meu sexo quanto da minha idade, como se estes fossem fatores de impedimento para que eu atendesse com competência uma demanda.

E sinto que a cada momento em que isso é posto à prova eu vou à luta com toda a garra, para provar que as pessoas com suas habilidades não dependem do sexo a que pertencem para mostrar que são eficientes. A idade e a experiência vão nos dando o famoso “pescoço grosso” para seguir nessa trajetória”.

Jéssica Miúcha

“Como COO e sócia da Zygon Adtech, estou no mercado publicitário há pouco mais de 3 anos. A Zygon foi minha primeira experiência nesse mercado e fiquei feliz em ver a presença de muitas mulheres nele, inclusive ocupando cargos de decisão. Vindo de mercados tradicionais, majoritariamente masculinos, fiquei agradavelmente surpresa.

Entretanto, ainda há muito a ser feito para tornar o mercado publicitário, não só na Bahia, mas em todo o país, mais igualitário. Infelizmente, a maioria dos cargos de alto escalão ainda é ocupada por homens, limitando o crescimento das mulheres a determinados patamares. A decisão final do mercado ainda é, em grande parte, ditada por figuras masculinas.

Como uma das sócias e C-level da Zygon, divido a liderança com dois homens. Estou grata pelo espaço, mas consciente de que ainda é difícil colocar minhas ideias em prática. Tenho trabalhado para me posicionar bem em meio a uma dupla de homens.

Entretanto, a mudança real só virá por meio da união e do esforço coletivo de todas as mulheres. Somos mais fortes e eficazes quando atuamos juntas para gerar transformações reais. É importante ressaltar que essa luta não é só nossa. A construção de um mercado e de uma sociedade mais receptiva às mulheres é responsabilidade de todos, homens e mulheres.

Em resumo, embora haja avanços, ainda há muito trabalho a ser feito para tornar o mercado publicitário mais igualitário e inclusivo. A união e o esforço coletivo de todas as mulheres, apoiados por homens aliados, são fundamentais para gerar mudanças reais e duradouras”.

A trajetória feminina no mercado publicitário já evoluiu significativamente, mas ainda há um longo caminho a percorrer.

Por isso, é importante reconhecer o progresso que foi feito e continuar lutando pela igualdade de gênero no mercado publicitário.