maio/2024

De acordo com Lucas Reis, presidente da ABMP, os acontecimentos no sul do país geram um ambiente fértil para fake news devido ao alto interesse público e à urgência por informações

A situação das enchentes no Rio Grande do Sul está em estado crítico e a disseminação de notícias falsas, conhecidas como fake news, impulsionadas pela proximidade de campanhas eleitorais, se tornou um dos principais obstáculos para garantir o resgate efetivo de pessoas e recebimento de doações. 

De acordo com Lucas Reis, presidente da Associação Baiana do Mercado Publicitário (ABMP) e doutor em comunicação, catástrofes, como as chuvas no Rio Grande do Sul, geram um ambiente fértil para fake news devido ao alto interesse público e à urgência por informações. Essas notícias ainda são agravadas com o uso de Inteligência Artificial (IA), que é a utilização de programas capazes de simular o raciocínio humano e gerar imagens, áudios e vídeos contendo informações falsas de maneira realista.

“O uso de IA Generativa para criar conteúdos falsos é um risco grande pela alta verossimilhança daquilo que é feito pela tecnologia. Por outro lado, já há uso da IA para detectar desinformação, mesmo as mais sofisticadas, e encaminhar para medidas de combate”, pontua Lucas.

Dados do Instituto Locomotiva apontam que 90% dos brasileiros reconhecem já ter acreditado em fake news, sobretudo em políticas públicas, assuntos ligados à saúde e produtos milagrosos.

De acordo com o presidente da ABMP, as fake news têm uma grande força devido a velocidade na qual as informações são compartilhadas, e isso pode prejudicar ainda mais o estado do Rio Grande do Sul, que hoje enfrenta uma das piores catástrofes já registradas. 

Seu impacto hoje é maior por conta da potência e velocidade de proliferação nas plataformas digitais. Durante anos eleitorais, essas notícias falsas são particularmente perigosas, pois podem influenciar indevidamente as opiniões dos eleitores, a confiança nas instituições, estimular o ódio entre adversários, criando consequências perenes para a sociedade”, explica Lucas.

Uma solução apresentada pela ABMP é a educação midiática, que tem como propósito capacitar os cidadãos para identificar notícias falsas, e também ensiná-los a questionar os conteúdos duvidosos de maneira crítica. Escolher fontes confiáveis de informação, fazer checagens de conteúdos sensíveis e não repassar informação de que não tenha certeza da veracidade são alguns dos conhecimentos essenciais.

Associada a ABMP, Mirtes Santa Rosa, fundadora da Umbu, revela que fake news sempre existiram e utilizam técnicas de persuasão para criar estórias. Mas para seu combate, é preciso uma mobilização geral.

“Só teremos mudança de comportamento e consumo de fake news no momento em que todos, poder público, organizações sociais e civis e empresas/marcas anunciantes compreenderem que educação midiática é o caminho para a não proliferação de mentiras através da comunicação. A informação é um direito básico e está assegurado em nossa Constituição, é necessário uma discussão real de toda a sociedade para compreender a mídia, é necessário hoje ensinar a ler as notícias, faz-se necessário letramento midiático”, pontua.

Pesquisador do tema, Lucas Reis reforça que a publicidade tem um papel fundamental no processo de disseminação de notícias, e é importante que haja um compromisso do setor em apreender e ensinar sobre educação midiática a seus públicos para combater a desinformação, esforço que tem sido encampado pela ABMP.

Nossa Associação reúne entre seus associados alguns dos veículos mais confiáveis do nosso estado. Estimular a produção de conteúdo de qualidade é uma das principais formas de combater as fake news. Além disso, a verba publicitária é fonte de receita da maior parte dos produtores de conteúdo. Por isso, direcioná-la de maneira a que os anúncios (e o dinheiro) da publicidade não cheguem a sites de fake news é uma forma efetiva de combatê-la”, finaliza.