Entrevista: Mário Dantas – Presidente da Associação Comercial da Bahia

out/2019

“Precisamos nos valer da tradição que a casa tem, mas precisamos fazer uma representação empresarial moderna, através de um modelo de atuação que afete e melhore a vida das empresas, melhorando o ambiente empresarial e fazendo com que atinjam melhores resultados.”   

                                                                                                                                                                               

 

Mário Dantas é empresário, diretor em uma construtora, presidente da Associação Comercial da Bahia (ACB) e do Grupo de Líderes Empresariais da Bahia (Lide-Ba). Administrador por formação e profissão, é também especialista em operações estruturadas e finanças coorporativas e mercados financeiros e de capitais, realizadas na Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo. Recém empossado presidente na ACB, nesta entrevista, fala sobre o momento da associação, os primeiros passos na sua gestão, além das perspectivas para o cenário econômico do estado.

 

  

 

ABMP: Você assumiu a presidência da Associação Comercial da Bahia (ACB) aos 48 anos de idade. É a segunda pessoa mais jovem a ocupar esse cargo – o maior da instituição, que já tem 208 anos de atuação. Será este um movimento pela renovação, como vem acontecendo em outras frentes no país?

M.D: Sim, acredito que a posse da nova diretoria representa o movimento de renovação na Associação Comercial da Bahia, mas não por causa de minha idade, e sim pelo fato dos dez diretores serem empresários atuantes e estarem todos dispostos a se doarem nesse movimento de renovação e significância da representação Empresarial.

 

ABMP: O que encontrou e o que já foi feito ao longo desses três primeiros meses de gestão?

M.D: Certamente, o momento que a ACB vivia não era dos melhores. Encontramos a instituição com uma dívida de R$ 1,7 milhão e com déficit mensal nas suas contas de aproximadamente R$ 50 mil. Vimos ali que precisávamos tomar medidas imediatas que significassem aumento de receitas e redução de custos. Todos os dez diretores da executiva estão empenhados nesse movimento e, muito em breve, teremos equilíbrio das contas atingido e todas as dívidas negociadas, parceladas e equacionadas. Esperamos que, até o final de 2019, essa questão financeira da associação já esteja resolvida. Outro objetivo nosso é motivar a participação de todos os associados, aumentando em muito o número de adesões.

 

ABMP: Como você pretende instituir as práticas modernas de gestão dentro de uma instituição com mais de dois séculos de fundação? Como fazer isto de forma natural e não brusca?

M.D: Precisamos nos valer da tradição que a casa tem, mas precisamos fazer uma representação empresarial moderna, através de um modelo de atuação que afete e melhore a vida das empresas, melhorando o ambiente empresarial e fazendo com que atinjam melhores resultados. De forma simultânea, buscamos também que novas marcas venham para nosso estado.

 

ABMP: Você é também presidente do Grupo de Líderes Empresariais da Bahia (LIDE-BA) e diretor da NM Construtora. Quais apostas, cases e experiências você está trazendo dessas duas instituições para agregar na ACB?

M.D: A experiência que trago ao longo da minha carreira de administrador, diretor de empresa e, agora, na construtora NM, é de gestão. Gerir de maneira enxuta, com controle de custos e equilíbrio entre receitas e despesas. Já a minha trajetória no Lide me mostrou que as pessoas só vão fazer parte da entidade se elas visualizarem valor na instituição e se verificarem significância e sentido para elas fazerem parte da entidade. Ninguém gasta, por menor que seja, o valor da contribuição por estar associado, ou dispensa seu tempo com uma instituição se não visualizar valor nela. Portanto, essa é a nossa busca, de mostrar o valor de ser associado à Associação Comercial da Bahia.

 

ABMP: Como líder há três meses da entidade empresarial mais antiga das Américas, quais são os maiores anseios da classe empresarial, especialmente a baiana?

M.D: Estamos buscando nos multiplicar, através da participação de todos os associados, para que, desta forma, possamos atuar em diversas frentes, buscando atender aos anseios de toda a classe empresarial. Sem dúvida, este é um dos nossos grandes desafios, uma vez que a ACB é uma entidade plural, transversal, que atua em todos os setores da economia e para empresas de todos os portes. A defesa empresarial e mais ampla que se possa imaginar, portanto, trata-se de um grande desafio. Vale pontuar também que instituímos um modelo de representação empresarial onde criamos os núcleos temáticos, onde são permanentes, perenes, que tem suas agendas. Com isso, dentro de cada núcleo, existem as comissões executivas e uma programação de vários trabalhos para se acompanhar. Nosso objetivo com essa organização é de atingir resultados objetivos no que diz respeito a representação empresarial.

ABMP: Pela primeira vez, três dos nove principais cargos da ACB estão sendo ocupados por mulheres. Estar alinhado com as mudanças do mundo contemporâneo será o tom de discurso da instituição?

M.D: Sem dúvida, o fato de termos três mulheres na nossa diretoria executiva mostra a força da mulher empreendedora, cada vez maior na nossa cidade e no nosso estado. Com isso, a Associação Comercial da Bahia estará sempre incentivando a força do empreendedorismo feminino.

 

ABMP: Quando a nova diretoria assumiu, foi dito que a gestão teria como objetivo romper o paradigma de que a ACB é apenas para grandes empresários. Como vocês pretendem estabelecer esse diálogo com os menores grupos do empresariado e comerciantes informais?

M.D: Sim, teremos um foco muito expressivo na atuação junto às micro, pequenas e médias empresas. O grande número de empresas que existem na Bahia são desse porte. Portanto, sem dúvida, atuaremos de maneira forte nesse segmento. Já temos formado o núcleo da micro e pequena empresa e também ações em parceria com o SEBRAE para fortalecer a micro e pequena empresa.

 

ABMP: Quais atitudes, posicionamentos e definições essa nova ACB espera do poder público, seja ele municipal, estadual ou federal, no que diz respeito a resolução da reforma da previdência, realização de acordos comerciais e saída definitiva da recessão econômica?

M.D: Nesse aspecto, os 208 anos emprestam muita respeitabilidade e credibilidade à casa. Nos diálogos com as diversas esferas do poder municipal, estadual e federal, e também com os três poderes (legislativo, executivo e judiciário), pretendemos estabelecer conversas francas e abertas, onde pretendemos resgatar o bom diálogo entre o público e privado, e de forma republicana mostrar que é possível fazer a representação e defesa dos mais legítimos interesses empresariais.

Sem dúvida alguma, o maior anseio do empresário é que o poder público não atrapalhe e não interfira nos interesses empresariais, e que crie um ambiente fértil para o desenvolvimento da atividade empresarial. Nesse aspecto, ter estados, municípios e federação com as contas equilibradas é uma outra questão muito importante.

 

ABMP: A ACB está sediada no coração do Comércio, que vem sofrendo inúmeras intervenções de requalificação – seja do Governo do Estado ou Prefeitura -, e vem sendo repaginada com a chegada de empresas tradicionais e startups. Como enxerga esse movimento e o que ainda falta para o bairro retomar de vez o protagonismo de antes?

M.D: A relação da ACB com o bairro do Comércio é patente. A história da cidade e do Brasil começou ali. Então, essa relação é muito forte, e por isso, pretendemos transcender na localidade a defesa do interesse da cidade, estado e país, de maneira muito firme diante.

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