Entrevista: Robson Wagner – CEO na W4 Comunicação
“A chave para uma comunicação eleitoral efetiva é construir uma campanha autêntica e adaptável, que utilize todas as ferramentas e plataformas disponíveis para criar uma conexão genuína com o eleitorado, enquanto promove uma participação ativa e contínua na democracia“
ABMP: Este ano, há uma grande expectativa sobre o uso de Inteligência Artificial na propaganda eleitoral. Qual você acha que será o impacto do uso desta tecnologia nas eleições de 2024?
RW: A utilização da Inteligência Artificial (IA) na propaganda eleitoral para as eleições de 2024 pode ter um impacto significativo em diversos aspectos. Primeiramente, a IA pode permitir uma personalização mais profunda das mensagens eleitorais, possibilitando que os candidatos direcionem suas comunicações de maneira mais eficaz para diferentes segmentos do eleitorado. Isso pode aumentar a relevância e a eficiência da propaganda eleitoral, potencialmente influenciando a decisão de voto dos eleitores.
Outro impacto potencial é a capacidade da IA de analisar grandes volumes de dados para identificar tendências e padrões de comportamento dos eleitores. Isso pode ajudar as campanhas a adaptarem suas estratégias em tempo real, otimizando recursos e focando em áreas onde o apoio pode ser decisivo.
No entanto, há também preocupações significativas sobre os riscos associados ao uso da IA, como a disseminação de informações falsas ou enganosas. A capacidade de gerar conteúdo realista, como vídeos deepfake, pode ser utilizada para criar desinformação ou manipular a opinião pública, desafiando a integridade do processo eleitoral.
Além disso, o uso de algoritmos pode intensificar bolhas de filtro e câmaras de eco, reforçando crenças existentes dos eleitores ao invés de promover um debate aberto e diversificado. Isso pode polarizar ainda mais a sociedade, impactando o diálogo democrático.
Para mitigar esses riscos, pode ser necessário o desenvolvimento de regulamentações específicas que estabeleçam diretrizes claras para o uso ético da IA em campanhas eleitorais, incluindo a transparência na utilização de dados e o combate à disseminação de conteúdos falsos ou manipulados.
Em suma, enquanto a IA tem o potencial de transformar a propaganda eleitoral de maneiras inovadoras e positivas, é crucial que haja uma abordagem cuidadosa para garantir que seu uso beneficie o processo democrático, mantendo a integridade e a confiabilidade das eleições.
ABMP: O que mudou na forma de se fazer campanha eleitoral nos últimos anos? O que permanece igual?
RW: No contexto brasileiro, as campanhas eleitorais também passaram por mudanças significativas nos últimos anos, refletindo tanto a evolução tecnológica quanto as alterações na legislação eleitoral. Aqui estão alguns pontos específicos sobre o que mudou e o que permanece igual nas campanhas eleitorais no Brasil:
Mudanças
1. Limitação do Financiamento e do Tempo de Campanha:
A legislação eleitoral brasileira passou por reformas significativas, como a proibição de financiamento empresarial de campanhas e a redução do tempo de campanha eleitoral. Essas mudanças visam uma maior equidade no processo eleitoral.
2. Ascensão das Redes Sociais:
As campanhas digitais, especialmente nas redes sociais, tornaram-se essenciais. O Brasil, com uma das maiores populações de usuários de internet e redes sociais do mundo, vê cada vez mais candidatos investindo nesses meios para engajamento direto e disseminação de suas mensagens.
3. Uso de WhatsApp e Mensageria:
No Brasil, aplicativos de mensageria como o WhatsApp têm um papel crucial na comunicação política, servindo tanto para a disseminação de informações oficiais das campanhas quanto para a propagação de fake news e conteúdos virais.
4. Combate às Fake News:
O combate à desinformação tornou-se uma prioridade, com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e outras instituições implementando medidas para identificar e combater notícias falsas, especialmente nas redes sociais e plataformas de mensageria.
Permanências
1. Horário Eleitoral Gratuito: Apesar do crescimento das mídias digitais, o horário eleitoral gratuito na televisão e no rádio ainda é uma ferramenta importante de campanha, proporcionando a candidatos a oportunidade de apresentar suas propostas a um amplo espectro do eleitorado.
2. Estratégias de Campanha no Terreno: O trabalho de campo, incluindo carreatas, comícios, e o tradicional “corpo a corpo”, permanece como um elemento vital para muitas campanhas, especialmente em áreas menos digitalizadas ou para candidatos com menos recursos para investir em publicidade online.
3. Importância das Coligações Partidárias: No sistema político multipartidário do Brasil, as alianças entre partidos continuam sendo essenciais para garantir tempo de televisão, recursos de campanha e apoio político.
4. Enfoque em Propostas para Problemas Locais: Embora as plataformas digitais permitam um alcance global, as campanhas bem-sucedidas frequentemente focam em questões que ressoam diretamente com as preocupações locais e regionais dos eleitores.
Estas mudanças e permanências refletem o dinamismo das campanhas eleitorais brasileiras, que estão em constante adaptação às novas realidades tecnológicas, sociais e legais, ao mesmo tempo em que mantêm estratégias tradicionais que provaram ser eficazes no engajamento e mobilização do eleitorado.
ABMP: Como o fato de haver uma polarização nacional impacta a comunicação eleitoral nos municípios? Isso amplia ou reduz o espaço do que se pode fazer do ponto de vista da comunicação?
RW: A polarização nacional no Brasil impacta a comunicação eleitoral nos municípios de maneiras que podem tanto ampliar quanto reduzir o espaço do que se pode fazer em termos de comunicação:
1. Amplia: A polarização pode ampliar o espaço para estratégias de comunicação que enfatizem identidades políticas fortes, mobilizando eleitores através de narrativas nacionais que ressoem com suas visões de mundo. Isso pode facilitar campanhas mais direcionadas, aproveitando sentimentos e questões polarizadoras para engajar e motivar bases eleitorais específicas.
2. Reduz: Ao mesmo tempo, a polarização pode reduzir o espaço para diálogos e propostas mais nuançadas, limitando as oportunidades para candidatos que busquem posicionar-se fora ou entre os polos dominantes. A ênfase em questões polarizadoras pode sobrecarregar debates locais com agendas nacionais, dificultando a discussão de temas específicos aos municípios.
Em resumo, a polarização pode tanto estreitar o foco da comunicação eleitoral em torno de temas divisivos, quanto impulsionar estratégias que se alinhem claramente com os polos ideológicos, alterando a dinâmica da comunicação eleitoral nos municípios.
ABMP: Houve um aumento significativo no Fundo Eleitoral para 2024, comparado com as últimas eleições municipais em 2020. Isso cria uma oportunidade para que empresas as comunicação? As campanhas este ano devem ser mais estruturadas?
RW: Sim, o aumento significativo no Fundo Eleitoral para as eleições de 2024 no Brasil, comparado às eleições municipais de 2020, cria oportunidades para empresas de comunicação, uma vez que mais recursos podem ser direcionados para estratégias de marketing e publicidade. Isso também indica que as campanhas deste ano tendem a ser mais estruturadas, com investimentos maiores em tecnologia, produção de conteúdo e ações de engajamento eleitoral, buscando maximizar o alcance e a eficácia da comunicação eleitoral.
ABMP: Para você, qual a chave do sucesso para uma comunicação eleitoral efetiva, do início ao fim da campanha, levando em consideração todas as possibilidades disponíveis hoje para os profissionais de marketing eleitoral?
RW: Com 25 anos de experiência em marketing político, a chave para uma comunicação eleitoral efetiva, do início ao fim da campanha, reside na autenticidade e na capacidade de adaptação. A autenticidade é fundamental porque o eleitorado está cada vez mais astuto e cético em relação à propaganda política; eles buscam candidatos que sejam genuínos, transparentes e que realmente representem suas convicções e valores. Uma mensagem autêntica, que ressoe verdadeiramente com as preocupações e aspirações dos eleitores, cria uma conexão emocional forte, que é vital para mobilizar apoio e incentivar a participação eleitoral.
A capacidade de adaptação é igualmente importante devido à velocidade com que o cenário digital e as tendências de comunicação evoluem. Profissionais de marketing eleitoral precisam estar atentos às novas tecnologias, plataformas de mídia social e ferramentas de análise de dados, utilizando-as para otimizar estratégias, personalizar mensagens e alcançar eleitores de maneiras inovadoras. Isso significa também estar preparado para responder rapidamente a desafios e mudanças no cenário político e social, ajustando a mensagem e a tática conforme necessário.
Além disso, uma estratégia de comunicação eleitoral efetiva deve ser integrada e multicanal, combinando tradicionais meios de comunicação com plataformas digitais, para garantir uma cobertura abrangente do eleitorado. A inclusão de análise de dados e segmentação do público permite que as campanhas sejam mais direcionadas e eficientes, falando diretamente às necessidades e preocupações dos diferentes segmentos de eleitores.
Finalmente, não se pode subestimar a importância do engajamento contínuo e da construção de comunidades. As campanhas eleitorais modernas são mais do que apenas convencer eleitores; são sobre criar movimentos em torno de ideais comuns, incentivando a participação ativa dos eleitores no processo político, não apenas durante a eleição, mas além.
Em resumo, a chave para uma comunicação eleitoral efetiva é construir uma campanha autêntica e adaptável, que utilize todas as ferramentas e plataformas disponíveis para criar uma conexão genuína com o eleitorado, enquanto promove uma participação ativa e contínua na democracia.
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