Entrevista: Victor Caribe – Co-founder da Play4Change

out/2022

“Para mim o metaverso será ainda mais imersivo, trará um sentimento de presença mesmo em ambientes virtuais e ainda tornará possível a propriedade digital para criações dentro dele com a evolução e convergência de algumas tecnologias emergentes como realidade virtual, realidade aumentada, blockchain e inteligência artificial.”                                

                                                                                                                                                                        

 

 

Metaverso: o que é e o que podemos esperar?

Entenda quais são as possibilidades existentes para este novo universo.

 

Um universo sem muros e repleto de possibilidades. Esta é uma afirmação que define bem o metaverso. Um conceito que apesar de não ser novo, ganhou grande repercussão após a mudança de nome do Facebook para Meta.

Para te ajudar a entender o que é este novo universo e o que podemos esperar do futuro, convidamos Victor Caribe, co-founder da Play4Change e, entusiasta da web3 e cripto para desmitificar o tema.

 

 

ABMP: O Metaverso já é uma realidade e, de acordo com o relatório Metaverso Hype, estima-se que até 2026* serão pelo menos 2 bilhões de usuários vivendo experiências imersivas dentro deste universo. Mas o que já é realidade para uns, ainda é uma grande incógnita para outros, por isso Victor, explica para gente: o que de fato é o Metaverso?

VC: Na minha visão ele é um universo digital que existe em paralelo ao mundo real, onde passaremos grande parte do nosso tempo daqui pra frente, aprendendo, conectando e trabalhando. Nesse mundo virtual barreiras geográficas se quebram e teremos uma conexão global como nunca experimentamos.

Esse termo Metaverso, apesar de ter se tornado mais popular depois que o Facebook mudou o nome da empresa para Meta, teve uma das suas primeiras menções há décadas no livro “Snow Crash”, lançado em 1992. Cada pessoa pode definir o metaverso do seu jeito, se é um espaço ou um tempo. Dada a sua natureza embrionária, existem muitas visões diferentes de como o metaverso se manifestará, seus impactos e até mesmo debates sobre se o metaverso já existe hoje, já que passamos grande parte do nosso tempo online.

Para mim o metaverso será ainda mais imersivo, trará um sentimento de presença mesmo em ambientes virtuais e ainda tornará possível a propriedade digital para criações dentro dele com a evolução e convergência de algumas tecnologias emergentes como realidade virtual, realidade aumentada, blockchain e inteligência artificial.

O metaverso criará cidades digitais que serão maiores do que qualquer metrópole existente no mundo físico e levará as mais diversas oportunidades educacionais, financeiras e culturais para as regiões mais remotas do planeta.

 

ABMP: Marcas globais como Nike, Vans, Itaú e outros grandes players do mundo corporativo já criaram o seu espaço no Metaverso, mas esta parece ser uma realidade ainda muito distante para muitas empresas, especialmente empresas brasileiras de médio e pequeno porte. Como podemos mudar essa realidade? Qual caminho uma marca pode seguir para ser inserida neste novo momento?

VC: As empresas estão entendendo que elas precisam se posicionar e criar experiências para seus consumidores nesses mundos digitais, a pandemia acelerou bastante esse processo.

Essa evolução da internet possibilitará que tenhamos essas experiências para comunicação, educação, trabalho, comércio, entretenimento e muitas outras que ainda nem conseguimos imaginar.

Assim existe uma corrida por marcas para entrarem no metaverso de qualquer maneira. A notícia positiva é que o metaverso não é exclusivo para empresas de grande porte ou que estejam nos Estados Unidos, esse universo é aberto e trará oportunidades para todas as empresas.

O primeiro passo é entender sua estratégia, quais oportunidades estão alinhadas com seus modelos de negócios para que possam potencializá-los ou reinventar a organização completamente, bem parecido com a entrada das empresas na internet.

Porém, existem dois tipos de metaversos sendo criados em paralelo, um fechado construído em plataformas da web2 como Meta e Microsoft e o outro aberto utilizando protocolos descentralizados da web3 como o Ethereum. Será fundamental para as empresas entenderem esses conceitos e ferramentas antes de decidirem seu posicionamento em mundos virtuais.

Assim elas poderão desbloquear experiências únicas para seus consumidores, que se tornarão muito mais membros de uma comunidade do que somente usuários de um produto ou serviço e participarão ativamente do processo criativo, do resultado e da governança.

 

ABMP: Um emaranhado de conceitos que são comuns no Metaverso como NFT’s, Tokenização, criptomoedas, plataformas de jogos e outros são inspirados no conceito da Web 3.0. Como você vê essa relação? E quais outras inspirações nós podemos esperar dessa junção entre Metaverso e Web 3.0?

VC: Eu vejo a web3 como a infraestrutura que possibilita co-criarmos um metaverso inclusivo e aberto a todos, onde propriedade de ativos digitais e os nossos dados não são controlados por corporações e sim pelos indivíduos.

Para que isso aconteça e não viremos o filme “Ready player one” precisamos das ferramentas da web3 como NFTs que servirão para garantirmos que itens únicos digitalizados são tokenizados (registrados no blockchain) para preservar a autenticidade e identificarmos quem são os donos desses ativos criados nesses mundos digitais.

As transações ocorrem através de criptomoedas que já são nativas digitais, neutras e minimizam o risco de coerção por alguns governos que não priorizam a liberdade dos seus cidadãos.

Os games sempre foram precursores desses metaversos e continuam sendo a porta de entrada para esse mundo, sejam games tradicionais como Fortnite e Minecraft ou games em blockchain como Decentraland e Sandbox.

Acredito que essas experiências das empresas no metaverso serão gamificadas e terão elementos da web3 trazendo mais possibilidades de co-criação em comunidade onde os usuários ou consumidores passam a ser mais ativos no processo de criação como membros e investidores.

 

ABMP: Agora trazendo para a nossa realidade, conta para a gente Victor: como as possibilidades criadas pelo Metaverso podem se tornar possíveis no
mundo real? E o que podemos esperar dos próximos anos?

VC: Na Play4change já conseguimos ver essas tecnologias causando impacto no mundo real, onde temos como missão gerar transformação social utilizando ferramentas da web3, games e metaverso.

Realizamos uma campanha recentemente em parceria com o Mercado Bitcoin onde facilitamos uma sessão sobre metaverso para crianças de uma ONG chamada Educar+ localizada no Complexo do Chapadão, Rio de Janeiro. Após a sessão, essas crianças desenharam sua perspectiva do metaverso e esses foram mintados em NFTs e listados no marketplace do mercado bitcoin.

O lançamento da coleção de NFTs de impacto ocorreu no evento NFT Rio e em 3 dias de evento mais de 300 NFTs foram vendidos, sendo que 80% da receita vai ser direcionada para comprar computadores, ajudar as famílias e financiar a educação das crianças.

Além disso, criamos o nosso próprio metaverso no Sandbox construído pela comunidade onde temos experiências gamificadas para incentivar a participação nas nossas trilhas de educação, exposição de artes criadas por aldeias indígenas e artistas de favelas bem como oportunidades de carreira para nossa comunidade.

Nos próximos anos veremos novos modelos de negócios regenerativos serem validados e teremos a oportunidade de incluir pessoas que estiveram excluídas do sistema financeiro e educacional através da web3 e do metaverso.

Acreditamos que em mundos digitais a localização geográfica não limita a chegada de oportunidades se as pessoas tiverem habilidades e conhecimentos necessários para carreiras que estão surgindo, seja como designers, arquitetos de metaverso, programadores blockchain, etc. Uma mulher no Afeganistão pode ter uma carteira digital e transacionar com o Venezuelano que por sua vez desenvolve um projeto no metaverso com um jovem da Rocinha, é deste tipo de revolução que estamos falando.

Qualquer tecnologia pode ser usada para o bem ou para o mal, vamos construir o mundo que acreditamos ser mais próspero, seja ele físico ou digital.

 

 

 

*Fonte do dado: Relatório Metaverso Hype Gartner, Fevereiro, 2022.

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