Live da ABMP sobre compra de mídia digital revelou, na verdade, escassez de profissionais de comunicação interessados por análise de dados
A pauta do dia era o “uso de dados para compra de mídia digital”, mas o bate-papo online promovido pela Associação Baiana do Mercado Publicitário na mais recente edição do Quem sabe faz a live, apontou, na verdade, carência de profissionais de comunicação dispostos a quebrar o tabu de quem é da área de humanas para estudar números e traduzi-los para traçar novas estratégias comerciais.
Uma das principais dificuldades é a disposição das pessoas para busca contínua de conhecimento, já que a velocidade do digital é muito alta. Para Lucas Reis, convidado da ABMP nesta live e CEO da Zygon, empresa baiana pioneira em inovação no Norte e Nordeste, apenas cursos de mercado não bastam, tem que estudar por conta própria e continuamente.
“É uma área mito dinâmica, que cresce rápido. O ciclo de formação (na graduação) é muito longo. Acho que seria perda de tempo essa formação técnica. Tem que vir como curso de extensão, algo assim. Se procura uma zona de conforto, não escolha essa área”, ressalta o PhD em Comunicação.
Sobre o mercado digital em geral, ele diz ainda, durante o programa, que o Brasil não é o melhor lugar pra empreender e inovar e Salvador herda um pouco disso. Porém, a cidade “tem uma estrutura melhor hoje do que era no passado. Já lidera em número de startups no Nordeste, passando Recife que tem uma estrada de mais de 20 anos com o porto digital”, informação que pode animar o setor.
Para quem busca qualificação básica e está disposto a encarar planilhas, relatórios e análise de (muitos) dados para fazer parte de um mercado que está em ascensão, os convidados indicam o próprio Google ou Facebook pra começar. Tem também o Programa de Capacitação da ABMP que está em andamento, as especializações nas faculdades e curso a distância. A Zygon também tem um braço pra educação, motivada pela carência de profissionais qualificados no mercado.
Na prática – Sobre o “uso de dados em mídia digital”, uma grande vantagem do ambiente digital é que, a cada clique ou rolamento de página, o consumidor fornece alguma informação que pode ser útil (ou não) à marca. O volume de dados gerado diariamente é enorme, por isso, o outro convidado da live, Matheus Sanar, head de Marketing da Editora Sanar – curiosamente, formado há três anos em engenharia mecânica – alerta para os cuidados.
Ele explica que comprar mídia tem se tornado cada vez mais fácil e os valores investidos são relativamente pequenos, comparados aos meios tradicionais. No digital, você consegue ter um ciclo que acaba retroalimentando a tomada de decisão pra orientação de mercado e produto através dos insumos colhidos no ambiente digital.
No e-commerce, por exemplo, existe uma troca entre cliente e vendedor que é o dado gerado a partir do acesso e sua jornada online e ter estas informações, segundo Matheus, nem sempre gera boas decisões. “Antes de analisar, tenho que concatenar todas as informações que estão espalhadas. Há um desafio grande, mas antes tem que selecionar o que vamos analisar”, orienta.
Já para definir a distribuição dos investimentos de campanha digital, ele cita sua experiência na editora, reforçando a importância da análise dos dados durante toda a jornada. Pra uma empresa de crescimento, ele aposta no primeiro contato com o cliente. Já empresas buscando receita, sugere que invistam mais no canal que promove o último contato.
“O que fizemos (na Sanar) foi concatenar as informações, investimentos e conversões (a partir das experiências dos consumidores no site e redes sociais). Quando aumentava investimento em Facebook, por exemplo, as outras mídias convertiam mais também. Analisando, íamos equalizando a estratégia”, conta Matheus.
Muitas outras dicas e informações relevantes desta live podem ser assistidas aqui no site da ABMP, assim como as outras edições da primeira e segunda temporada do programa. O próximo encontro está marcado para 18 de junho, sempre às 15h30, e terá o jornalismo como pauta.