Vaidotização: Porque os apelos de estética crescem entre influenciadores e influenciados?
Um número vertiginoso de procedimentos e cirurgias estéticas cresceu no ano de 2020. Um ano que, em plena pandemia, nos fez refletir sobre nossas formas de ganho, em como cuidar de nós mesmos e dos nossos, em como conviver de forma madura com a coletividade, ainda teve espaço para os cuidados com a aparência física.
Num ano em que muitos perderam entes queridos e, além disso, perderam o controle sobre si mesmos, com a crescente vertiginosa de medicamentos controlados, ainda deixa o espaço para a chamada “vaidotização” nas redes sociais.
O termo, utilizado por alguns pesquisadores da área do marketing, faz referência a constante busca do usuário em se assemelhar a um padrão físico estabelecido, principalmente com a crescente dos filtros do Instagram.
O que seria a princípio uma ferramenta divertida, como forma de interação digital, ganhou outras proporções ao “eliminar” qualquer tipo de “imperfeição” que não se encaixe no padrão de beleza atual.
Segundo a pesquisa do “Journal of The American Society of Plastic Surgeons”, a busca por uma beleza próxima àquela fornecida pelos filtros de aplicativos pode estar provocando o transtorno disfórmico entre usuários; ou seja, uma onda crescente de dismorfia corporal, que pode levar a quadros de transtornos alimentares, ansiedade, depressão e busca por procedimentos estéticos radicais e desnecessários.
Inclusive, há pouco tempo tivemos alguns casos de influenciadores sofrendo ataques sobre a sua aparência e disseram sentir “necessidade de mudar”. Influenciadores com grande alcance, como é o caso da Gkay, que em seus stories já mencionou várias vezes se sentir pressionada por algum padrão de beleza e resolver mudar e, o caso com grande agravamento, da Sthefanie Matos, onde a própria relata em seu canal do Youtube as complicações que teve com as duas rinoplastias que realizou.
O último caso, mostra claramente o fenômeno intitulado de “Dismorfia do Instagram”, no qual os recursos usados no aplicativo “filtram” tudo aquilo que possa ser encarado como um defeito visual e, é nesse ponto o grande problema. Sthefanie teve seu nariz aberto (ainda continua em procedimento), pelas enormes queixas de seus seguidores em relação a sua aparência. Além das duas rinoplastias, ela também realizou a “Lipo Led”, um procedimento cirúrgico que vem ganhando o amor dos famosos, já que além de retirar as “gordurinhas”, deixa o corpo torneado.
A vaidotização ou a dismorfia do Instagram vem nos alertando para um movimento propício as marcas de beleza e estética, assim como os profissionais da área, porém gerando um alerta enorme sobre a capacidade de influência e de adequação a um padrão exigido pela sociedade.
Como as marcas, os influenciadores e os profissionais de marketing podem utilizar esse fenômeno de forma reversa?
O desencadeamento de uma vida “excluída” de imperfeições, tem exigido uma mudança externa enorme, que se reflete também interiormente. O padrão estético exige conformidade, mas internamente estamos (em grande maioria) disformes. Como alinhar as duas expectativas, de modo que essa dismorfia diminua?
O espelhamento e, cada vez mais, se assemelhar a um filtro é preocupante. Enquanto profissionais de marketing, podemos utilizar esse movimento a nosso favor de diversas maneiras. Porém, fica a reflexão para as marcas, os influenciadores e nós, nesse contexto, em criar campanhas que se atentem à realidade.
E, esse substantivo, é o que mais tem gerado conexão com o usuário. Não é à toa a crescente dos nanos e wise influencers em demonstrar a sua realidade e, gerarem conexões genuínas com seus seguidores. Segundo pesquisa da Youpix, os nano influenciadores, também chamados de “gente como a gente” ganharam grande alcance, mostrando a vida como ela é: “Quantas vezes assistimos a comerciais com atores famosos que nunca vestiram aquela roupa ou entraram naquele supermercado, por exemplo? Quando unimos marca com representatividade local, o resultado sempre é vantajoso para os dois lados.” – Digital Favela.
Esses são apenas dois pontos de como inovar, em meio a um padrão estético “exigido” e, além disso, promover conexões reais, que agreguem de fato para ambos os lados: contratados e contratantes.
Fica o apelo pela criatividade e senso crítico.
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O conteúdo e opinião publicados neste artigo são de inteira responsabilidade do autor ou autora.
Laila Bensabath
Colunista Convidada
Growth Hacker Manager & Digital Marketing
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